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PF investiga atuação de coiotes na imigração ilegal de bolivianos por Corumbá

Destino dos estrangeiros era São Paulo e cada um chegava a pagar até R$ 450

Delegacia da Polícia Federal em Corumbá. - Rodolfo César
Delegacia da Polícia Federal em Corumbá. - Rodolfo César

Investigação iniciada neste mês apura a atuação de uma família que promovia a imigração ilegal de bolivianos. Esse grupo criminoso, que tem nacionalidade boliviana, mas mora em Corumbá, aliciava os estrangeiros com promessa de trabalho e quem aceitava o “pacote de viagem” ficava na clandestinidade. O destino das pessoas era São Paulo, onde acabavam sendo encaminhadas para trabalharem sem registro e direitos.

Conforme apuração da Polícia Federal, os envolvidos no aliciamento de estrangeiros chegaram a levar entre 30 a 40 pessoas diariamente no mês de dezembro de 2021 e início de janeiro de 2022. Dois homens de 32 e 22 anos e uma mulher, de 33 anos, estão por trás dessa promoção de imigração ilegal.

Eles cobravam entre R$ 250 e R$ 450 por pessoa, dependendo do tipo de pacote que o boliviano ou a boliviana desejava, incluindo possíveis apoios quando os estrangeiros chegavam a São Paulo.

A apuração da Delegacia da PF em Corumbá conseguiu fazer um flagrante do crime no dia 20 de janeiro. Os investigadores obtiveram detalhes que um ônibus estava saindo da cidade com destino a São Paulo. O ponto de saída era um bairro da parte alta da cidade. Os policiais federais precisaram montar campana para monitorar a movimentação e reunir detalhes fotográficos.

Algumas vezes, em uma só viagem, o grupo criminoso tinha a possibilidade de receber R$ 18 mil. O que se apurou até agora é que essas viagens vinham ocorrendo regularmente ao menos desde dezembro de 2021, e o potencial de ganhos a partir da promoção de imigração ilegal está na casa dos milhares de reais.

“O esquema criminoso era organizado por, pelo menos, uma família de quatro bolivianos e envolvia agências de transportes”, divulgou a PF, em nota.

Nesse flagrante identificado em Corumbá, com um dos integrantes da família envolvida na venda dos “pacotes ilegais” estava R$ 20 mil em notas. A pessoa abordada não conseguiu comprovar a origem do recurso. O dinheiro foi apreendido. Três integrantes da família foram presos, mas após audiência de custódia pagaram fiança e respondem em liberdade.

O crime de promoção de imigração ilegal é tipificado no artigo 232 do Código Penal. A pena varia de 2 a 5 anos de prisão, além do pagamento de multa.

"O flagrante abre portas para novas investigações dessa organização criminosa. A imigração ilegal prejudica toda estrutura do país e afeta no desemprego de brasileiros, que são substituídos por mão de obra que aceita trabalho barato diante da situação que se encontram no país", apontou a Polícia Federal.

Estimativas extraoficiais apontam que em pouco mais de um mês de atuação, em torno de 600 bolivianos acabaram entrando no esquema ilegal de imigração e foram levados para São Paulo. Uma outra etapa da investigação vai procurar detalhar como era a recepção dessas pessoas em outra cidade.

Os bolivianos podem permanecer em território brasileiro por 3 meses, com visto de turista. Para trabalharem, precisam firmar um contrato de trabalho com o empregador, que faz uma solicitação formal ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. Há taxas envolvidas. Os contratos para visto temporário são de 90 dias a 2 anos de duração.