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Mato Grosso do Sul e Bolívia ainda precisam avançar em tratativas sobre uso de gasoduto

Acesso a combustível foi discutido em evento realizado em Corumbá

Sistema de gasoduto, para transporte da gás natural. - Reprodução
Sistema de gasoduto, para transporte da gás natural. - Reprodução

O gasoduto Brasil-Bolívia é um dos ramais para fornecer gás natural para empresas não só em Mato Grosso do Sul, como também em outros estados, como São Paulo, Paraná e Santa Catarina. O sistema passa por Corumbá, onde o produto é nacionalizado, porém ainda há carências a serem superadas para permitir que essa energia funcione para gerar mais interesse empresarial e industrial no Estado. 

Esse cenário foi comentado pelo secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, que veio a Corumbá na quinta-feira (27) para o lançamento do Programa de Desenvolvimento Econômico da cidade, elaborado pelo Sebrae.

Verruck pontuou que Mato Grosso do Sul ainda precisa avançar em negociações com a estatal YPFB para permitir que maior volume de gás natural chegue ao Estado. A empresa boliviana também enfrenta problemas técnicos para garantir sua capacidade de fornecimento. Atualmente só há contrato com a Petrobras em vigência e a MSGás torna-se a distribuidora da molécula para indústrias em Campo Grande e Três Lagoas.

Em exposição feita durante o evento, Verruck comentou que um desenvolvimento industrial para Corumbá também está atrelado à presença do gás natural na cidade, o que ainda não foi disponibilizado.

"Falamos sobre preço do gás e isso não é um problema para nós. Hoje o que a Bolívia não fornece para nós é o gás. O nosso gasoduto tem capacidade para 30 milhões de m³ e temos 10 milhões (de m³) para fazer o que quisermos, porque 20 milhões (m³) são da Petrobras. E a Bolívia não está fornecendo. Se houver, vamos comprar", apontou o titular da Semagro.

A relação entre os dois países, passando por Corumbá e Mato Grosso do Sul, vai além do gasoduto. Outro assunto que envolve o setor econômico nessa região de fronteira entre Brasil e Bolívia é a utilização da hidrovia. O país vizinho tem o seu principal porto localizado na região, entre a Laguna Cáceres e o Canal Tamengo. Esse modal de transporte corresponde por 70% do volume de mercadorias que podem ser movimentadas em território boliviano.

A estiagem do rio Paraguai afetou diretamente esse comércio e desde a segunda quinzena de novembro de 2021 não há navegação. A previsão de empresas que atuam na região é que a navegação comercial vai ser retomada no início de fevereiro.

O nível do rio Paraguai aumentou em Ladário para 1,16 m, conforme régua da Marinha do Brasil neste dia 28 de janeiro, e a navegação exige que haja ao menos 1,5 m para que as embarcações possam navegar. O atual nível é 0,86 centímetros abaixo do nível.

Obras de dragagem tanto no rio Paraguai como no Canal Tamengo ainda são necessárias para melhorar a questão da navegação. O Porto Jennefer, em Puerto Quijarro, promoveu obras no canal pelo lado boliviano. Porém, no Brasil ainda não houve essa intervenção.

Além da relação comercial com Bolívia, a navegação gera outro impacto que é no escoamento da produção de minério de ferro extraído em Corumbá, principalmente por parte da Vale. Sem a utilização desse modal com constância, há uma sobrecarga no transporte rodoviário pela BR-262. O trecho entre Corumbá e Miranda é mais sensível nessas condições, tanto por conta dos atropelamentos de animais, acidentes e mortes de motoristas e passageiros (neste ano já foram duas vítimas fatais) e deformidade da pista de forma mais acentuada e rápida.