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Simone Tebet diz à Petrobras que Brasil não pode aceitar misturadora no lugar da UFN 3

Para senadora, é inadmissível que empresa russa receba fábrica 'quase pronta' e o Brasil continue dependendo de importação

se reuniu nesta sexta-feira com o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, e diretores da estatal - Arquivo pessoal
se reuniu nesta sexta-feira com o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, e diretores da estatal - Arquivo pessoal

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) se reuniu nesta sexta-feira (4) com o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, e diretores da estatal, na sede da empresa no Rio de Janeiro, para conversar sobre os projetos que tramitam no Senado, visando reduzir o preço dos combustíveis, e sobre a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN 3), em Três Lagoas.

Para a senadora, é inaceitável que o grupo russo Acron desvie a finalidade principal da fábrica e não produza fertilizantes, conforme previsto no projeto inicial da Petrobras. “Não aceitamos uma misturadora lá, que vai manter a nossa dependência de importação e não vai baratear o preço dos alimentos na mesa do povo brasileiro”, disse. 

A UFN 3 começou a ser construída em Três Lagoas, cidade natal da senadora, em 2011. Na época, a expectativa era de que a produção de fertilizantes nitrogenados poderia reduzir a necessidade de importação do produto pelo Brasil em até 50%. Hoje, o País importa cerca de 85% dos fertilizantes que consome, dos quais 23% são comprados da Rússia. Com a guerra entre Rússia e Ucrânia, há temor sobre possível falta de fertilizantes, prejudicando o agronegócio brasileiro e até encarecendo o preço da comida. Para Simone, o assunto é emergencial, pois pode acarretar redução da produção de alimentos.

Simone era prefeita de Três Lagoas quando cedeu um terreno de cerca de 50 hectares para a construção da fábrica da Petrobras. Em 2014, a estatal rompeu o contrato com o Consórcio UFN 3, responsável pela construção da fábrica, que estava 80% pronta.

Em 2017, a Petrobras colocou à fábrica à venda. Depois de anos de negociação para viabilizar a sua venda, em fevereiro deste ano, o grupo russo anunciou a compra da fábrica, com expectativa de retomar as obras no segundo semestre deste ano. 

No entanto, não estaria disposta a produzir fertilizantes totalmente no País, mantendo a dependência de importação do produto. A fábrica seria uma misturadora. 

“Estou há 12 anos nessa luta. Agora, nós ficamos sabendo que a empresa que conseguiu comprar, que é russa (Acron), não vai fazer fertilizantes. Ela vai misturar os fertilizantes que compraremos de fora, para se tornarem fertilizantes nitrogenados. Então, agora é a hora de a Petrobras dizer que não vai entregar a fábrica quase pronta (com custo baixíssimo para terminar) a uma empresa que não vai resolver o problema de fertilizantes no Brasil. Agora é hora de ela dizer que vai interromper esse contrato, terminar essa fábrica e, aí sim, vender para quem realmente vá produzir fertilizantes. Agora, entregar para uma empresa que não assina contrato garantindo a produção de fertilizantes é inaceitável e inadmissível. Isso vai contra o interesse nacional e os interesses da Petrobras”, disse Simone.