Veículos de Comunicação

Feminicídio

'Ele correu atrás de mim, mas consegui me esconder', conta sobrevivente

José Barbosa do Santos matou a ex-companheira, a sobrinha e tentou tirar a própria vida logo depois, mas a arma falhou.

Sobrevivente > A jovem comemorava o aniversário na casa da vítima e o atirador correu atrás dela. - Reprodução/TVC
Sobrevivente > A jovem comemorava o aniversário na casa da vítima e o atirador correu atrás dela. - Reprodução/TVC

Uma das envolvidas na cena do duplo feminicídio contou à equipe de reportagem, em entrevista exclusiva, os momentos de horror que viveu no dia 6 de março, no condomínio Novo Oeste, em Três Lagoas. O duplo feminicídio, que vitimou Crislaine Célia Martins, de 34 anos, e sua sobrinha Mariana Cristina Martins Fonseca, de 22 anos, ganhou repercussão nacional. O autor o ex-marido Jose Barbosa dos Santos, de 44 anos, ainda tentou tirar a própria vida, mas foi preso em flagrante.

A jovem que conseguiu escapar do ambiente onde se deu o crime, mas que não quer se identificar, relatou que no dia do crime estava comemorando seu aniversário de 20 anos na companhia das amigas, entre elas, Mariana Cristina, com quem dividia a moradia. “A ficha ainda não caiu, ela era minha melhor amiga”, emocionada a jovem ao lembrar as cenas do crime.

Ela disse que nem pretendia sair de casa, já que tinha amanhecido em uma festa, mas por insistência das amigas resolveu fazer um almoço e logo em seguida foram para a casa da tia da Mariana, Crislaine Célia.

Sobre o José, a jovem conta que sofria ameaças desde janeiro desde ano, pois o homem acreditava que a Crislaine estaria saindo socialmente por influência das jovens. “Ela nem tinha tempo para ter uma vida social, só trabalhava e cuidava dos filhos, na sua diversão era beber uma cervejinha na casa dela”, afirmou a sobrevivente.

Na tarde de 6 de março, as jovens estavam sentadas na casa da Crislaine, quando José passou entre os blocos. Ela conta que nem se importaram com a presença dele, pois o homem vivia seguindo os passos da ex-esposa. Na hora do crime estavam, além das duas vítimas, mais cinco jovens e algumas crianças, incluindo a filha do casal, uma menina de quatro anos.
“Nós não nos importamos com ele nos vigiando pois isso era normal, mas de repente ela apareceu no meio da roda e sacou um revólver. Só vi a Cris pegando a filha de quatro anos e correndopara dentro do apartamento em vão”, relembrou a sobrevivente.

Depois de efetuar os disparos José ainda correu atrás da sobrevivente, pois ele acreditava que ela era quem influenciava a ex. “Ele ainda correu atrás de mim, nisso a Mari correu para outro canto e, novamente ouvi mais disparos”, relatou a jovem.

Embora. tenha conseguido sobreviver ao duplo feminicídio, mas o trauma vai carregar para a vida toda, “estou com muito medo, não consigo dormir a noite, e desejo que ele apodreça na cadeia”, desabafou.