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Baixo nível do rio Paraguai paralisa navegação comercial

Situação acarretou na redução do volume de cargas e prejudica exportações do Estado

O rio Paraguai enfrenta um dos menores níveis em 22 anos. A baixa, causada pela estiagem extrema, prejudica a navegação comercial pelos portos de Corumbá, Ladário e Porto Murtinho, reduzindo o volume de cargas em, pelo menos, 50%.

Para diminuir os impactos na diminuição de produtos enviados ao exterior, o número de embarcações teve que ser dobrado. No entanto, a situação crítica na região paralisou algumas passagens, limitando ainda mais a exportação sul-mato-grossense.

Segundo o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, para diminuir os efeitos negativos, algumas cargas foram redirecionadas para a malha viária. “Houve um redirecionamento de algumas embarcações de soja de Porto Murtinho para a rodoviária. O mesmo acontece com barcas de minério. A projeção é de sejam realocados mais de 1,5 milhão de toneladas do produto em 12 meses”, explica.

O calado do Rio Paraguai em Porto Murtinho está a sete pés, o que equivale a 2,10 metros, e a previsão é que a profundidade tenha uma redução ainda maior, e fique a 1,67 metros na primeira semana de outubro.

Com isso, as operações do terminal da FV Cereais, iniciadas em março deste ano, não cumprirá 50% da meta de enviar 500 mil toneladas de grãos para os mercados asiáticos, via Oceano Atlântico. Nos primeiros quinze dias deste mês, os embarques neste porto, que somavam 230 mil toneladas já haviam sido inviabilizados.

As condições atuais de navegabilidade na hidrovia acarretam em outro prejuízo: o encarecimento do frete. Segundo um dos proprietários do terminal, Peter Feler, além de não cumprirem todos os contratos, o carregamento está 30% mais caro. “Estamos no limite, a hidrovia vai parar”, afirma o empresário.

O baixo nível do rio no trecho brasileiro não é o único entrave para os comboios que saem de Corumbá, Ladário e Porto Murtinho. As maiores restrições estão a região de Valemi, no lado paraguaio, onde há concentração de rochas.

Os prejuízos estimados com as quedas de volume chegam a US$ 28 milhões, somente em 2020, segundo a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro). Já a perda média anual deve ser de US$ 33 milhões.

A queda abrupta nas exportações fluviais ocorre num momento favorável as comodities de Mato Grosso do Sul, com um mercado internacional aquecido em termos de preços e demandas.

De acordo com Jaime Verruck, para a melhoria do atual quadro de limitações da hidrovia, há dois fatores que precisam ser verificados com urgência: o alto nível de assoreamento do rio, com dragagem de manutenção, e a melhoria da sinalização náutica – o que hoje está à cargo da Marinha. “Ela, realmente, é um canal importante de exportação do Estado e também uma opção estratégica pela Bolívia. A discussão que estamos tendo hoje é para potencializar a passagem fluvial”, ressalta.

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