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Comemorações e arroubos da ignorância

Leia o artigo do promotor de Justiça, Antônio Carlos de Oliveira

No domingo, dia 28, fui ao centro de Três Lagoas para dar um passeio e ver as comemorações pela vitória do presidente eleito Jair Bolsonaro. Como de costume, muita gente gosta de ir para as proximidades da Lagoa Maior e da avenida Filinto Müller extrapolar a alegria de um novo pleito. Muitas bandeirolas, bebidas e gente conduzindo veículos após a ingestão de muita bebida alcoólica. 

Na observação que fiz, vi motociclistas em alta velocidade, entrando pela contramão e alto risco de acidentes. As vezes, tem que se confiar em Deus para o que acontece, mas, não se pode deixar de registrar que comemorações são sempre seguidas de uma boa dose de cerveja e outros derivados, e que isso, com certeza, coloca uma cavalar dose de coragem em motoristas e os acidentes em muitos casos são fatais. 

Já falei outras vezes que motociclistas são, na maioria de vezes, as maiores vítimas disso tudo porque, ainda que estejam corretamente conduzindo motos ou carros, podem ser vitimados por gente que bebe sem parar, e que, por isso, mostram-se irascíveis, patinando seus veículos, dando cavalos de pau, empinando suas motos, fazendo as maiores estrepolias do mundo à bordo de suas motos. 

No domingo, acreditei que não devesse ter saído de casa para assistir a irresponsabilidade ao guidão e ao volante tamanha as barbaridades praticadas pelos incautos e radicais bebedores de cerveja e suas máquinas maravilhosas. Não é preciso falar que somos os campeões mundiais de acidentes de motos e que a maioria dos acidentes possuem consequências gravíssimas ao país, porque, quando não retira um funcionário de uma empresa por meses internados em hospitais, ou acaba colocando ele encostado em acidentes de trabalho na Previdência Social, acaba por lhe dar  o mal que ninguém quer que é a morte. 

Mas, o desprezo por isso é grande. Não se sabe o que ocorre com o cérebro desses motoristas que tanto se arriscam para comemorar vitórias de seus políticos ou de seus times de futebol. Provavelmente o cérebro nem saiba disso. Ainda que se tenha criado uma legislação barra pesada contra a embriaguez, ainda temos muitos acidentes onde o álcool é o grande desinibidor e a fonte inesgotável de coragem para entrar pela contramão, para impor velocidade incompatível nas vias, para promover malabarismos, e sem importar com quem está ao seu lado, provoca os mais graves acidentes, em muitos casos justificando sua conduta com um “não sabia o que estava fazendo” ou “achei que não ia acontecer nada”, o que é de se lamentar, tamanha é a irresponsabilidade atual ao volante e ao guidão nas vias públicas das cidades.

*Antônio Carlos de Oliveira é promotor de Justiça.