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Após 20 dias do incêndio no Mandela, moradores continuam na região e aguardam moradia

Recentemente o Governo do Estado firmou parceria com o município para mais construções e atender integralmente todas as 187 famílias atingidas pelo acidente

Tendas disponibilizadas pelo exército no local para abrigar as famílias - Foto: Gerson Wassouf/CBN-CG
Tendas disponibilizadas pelo exército no local para abrigar as famílias - Foto: Gerson Wassouf/CBN-CG

Há 20 dias após o incêndio na comunidade Mandela em Campo Grande, cerca de 150 famílias ainda estão na área vivendo sob tendas. Em novembro, a gestão municipal de Campo Grande anunciou a construção de 100 casas para atender essas famílias.

Recentemente o Governo do Estado firmou parceria com o município para mais construções e também estão previstos recursos de emenda parlamentar da senadora Soraya Thronicke. A expectativa é que sejam construídas 80 casas em terrenos cedidos pela prefeitura.

Área com as tendas montadas

Em alguns casos no local, mais de 11 pessoas dividem o espaço de uma tenda, entre as 14 montadas. Como é o caso da moradora Adrielly da Silva, que está no Mandela há mais de nove anos e conta como tem sido os dias no local. "Tá um caos, ninguém tá confortável, eu não tô confortável por conta das famílias que estão na tenda. Você entra dentro da tenda e não aguenta ficar nem meia hora, parece uma sauna. E em tempo de chuva é precário, totalmente desconfortável, chove mais dentro que fora, tem muita criança aqui, sem condições nenhuma".

Já a dona Lurdes Riquelme da Silva, de 56 anos, que perdeu tudo durante o incêndio, reclama do calor e conta o que espera para o futuro.

"A gente tá vivendo assim, no calor né, muito quente, a lona é muito quente, então a gente tá vivendo como pode, como Deus tá dando, luta, essa é a luta que a gente passando, eu perdi tudo no incêndio. Mas a gente espera o melhor né, uma casinha pra nós, meu filho e minha nora estão aqui comigo, eu espero que essa casa saia logo pra gente sair daqui", diz Lurdes.

De acordo com a diarista Ana Rita, que divide a tenda com mais onze pessoas, são muitas as dificuldades no local e ela sente que a quantidade de alimentos ofertados tem diminuído.

Dona Rita organizando a lona para proteger a tenda de chuva

"Ah, tá difícil, né? Muito quente essas lonas, é uma tenda pra dividir entre três famílias, as vezes tem até mais gente, e quando chove, misericórdia, enche de água. É difícil, só quem tá vivendo que sabe […] Acho que a comida está diminuindo um pouco. O pão mesmo, tem dia que tem um pouquinho já, não tem tanto assim que nem tinha no começo. Ontem mesmo, o pão acabou cedo e teve gente que ficou sem tomar café da manhã porque não tinha mais pão. Aí o lanche da tarde agora só foi bolachinha e suco. O leite tinha um pouco de leite de manhã, acho que uns dois garrafões só", fala dona Rita.

Enquanto as famílias continuam na área com essas dificuldades, a Prefeitura de Campo Grande estuda possíveis moradias. No dia 21 de novembro a prefeitura anunciou que as 187 famílias que tiveram prejuízos por conta do incêndio iriam receber lotes regularizados.  

De acordo com a prefeita, Adriane Lopes, foram definidas áreas em três regiões da capital com saneamento, água, energia elétrica e asfalto, e os terrenos regularizados terão parcelamento a longo prazo pelas famílias, com pagamentos mensais correspondentes a 10% de um salário mínimo. 

Os lotes ainda estão sendo distribuídos entre as famílias e a expectativa é que sejam construídas 100 casas e, nesta semana foi anunciada a parceira com a Agência de Habitação Popular de Mato Grosso do Sul (Agehab) para garantir mais construções. 

"O município de Campo Grande tinha recursos para a produção de 100 unidades habitacionais, o que não possibilitaria o atendimento completo da comunidade. Então, através dessa parceria, será possível atender a comunidade na sua totalidade com mais 80 casas, ressaltando que, nessa parte onde as unidades habitacionais serão construídas pelo governo em terrenos com infraestrutura disponibilizados pelo município", afirma a diretora-presidente da Agehab, Maria do Carmo Avesani Lopez.

Sobre as dificuldades encontradas pelos moradores que continuam na área, a Prefeitura Municipal de Campo Grande emitiu nota:

"A Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários (EMHA) informa que, desde o início do incidente, a Prefeitura tem dado todo o apoio e suporte necessário às famílias, disponibilizando abrigos e alimentação para as famílias afetadas. As ações têm acontecido em parceria com a sociedade e o Exército, quem cedeu as tendas para as famílias pernoitarem, já que decidiram permanecer na área. Todos os dias estão sendo oferecidas três refeições, contudo, a Prefeitura tem reforçado a importância da solidariedade da população para que ajudem com a doação de alimentos e água para melhor atender às necessidades das famílias".