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Arcebispo de Campo Grande não é a favor da redução da maioridade penal

A seu ver, o grande conflito da educação familiar passa pela violência doméstica, o excesso de carinho, e a falta de limites

Na entrevista ao Jornal do Rádio e Jornal da TVE, o arcebispo metropolitano de Campo Grande, dom Dimas Lara, manifestou-se contrário à redução da maioridade penal e condenou o sistema de educação. Disse que “a própria ciência tem os resultados de uma educação familiar, digamos, capenga”. A seu ver, o grande conflito da educação familiar passa pela violência doméstica, o excesso de carinho, e a falta de limites “que é um  grande desafio das novas gerações, de modo que é preciso educar as famílias na vivência da fraternidade e da caridade, no perdão e no diálogo”.

Dom Dimas Lara disse que apoia a posição do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sobre a manutenção da maioridade aos 18, lembrando que a Pastoral Carcerária diagnosticou no Brasil um “Sistema Penal falido e burro”, porque o preso “entra ladrão de galinha e sai membro de uma facção criminosa. Se não conseguirmos fazer a ação sócio-educacional, o Estatuto da Criança e do Adolescente continua sendo apenas um ideal”.

O arcebispo menciona a “ditadura do relativismo” e lembra que hoje “é proibido proibir, mas não só isso, quase que é crime atribuir responsabilidades às crianças, de tal maneira que quem perde a autoridade cada vez mais  é o próprio professor. Antigamente ser professor era uma honra, hoje é um carma para muitos, porque o professor está sujeito a todo tido de abuso, de políticas e vinganças”, afirma dom Dimas, citando caso de professor que sofreu ação de danos morais por ser chamado á atenção porque ficava o tempo todo da aula usando o telefone celular.

Dom Dimas defende reforma profunda nos conceitos da educação familiar e acha que deveria ser implementada a disciplina de educação religiosa nas escolas como foi aprovado pelo acordo assinado pelo Brasil e a Santa Sé. Pelo acordo, o ensino religioso, confessional e plural, é obrigatório nas escolas e facultativo para os alunos, ou seja, a escola oferece o conteúdo e os alunos que quiserem absorver os chamados valores universais têm toda liberdade.

O arcebispo metropolitano de Campo Grande entende também que há ainda a crise forjada pela competitividade exacerbada e cita o exemplo da especialidade médica. “Hoje você tem o ortopedista especialista na mão direita, outro em perna… Não há mais a visão de conjunto”. No caso da família, dom Dimas diz que na escola não é lugar para ensinar a vivência sexual e por estarmos vivendo em um mundo que se transformou em “aldeia global”, a sexualidade desperta mais cedo e meninas podem engravidar aos nove anos. “Cabe à família preparar as crianças para a vivência da sexualidade”.