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Transplantes

Com 428 pessoas na fila, MS aguarda por doação de órgãos

De 63 pacientes em potencial para doar, familiares de apenas 31 autorizaram o procedimento em 2021

Nesta semana a Santa Casa de Campo Grande realizou a primeira captação de órgão de 2022 - Foto: Divulgação Santa Casa de Campo Grande
Nesta semana a Santa Casa de Campo Grande realizou a primeira captação de órgão de 2022 - Foto: Divulgação Santa Casa de Campo Grande

A Organização de Procura de Órgãos da Santa Casa de Campo Grande (OPO), hospital referência em cirurgias de transplantes, encerrou 2021 com 122 diagnósticos de morte encefálica, sendo 63 pessoas em potencial para doação. Deste número, familiares de apenas 31, autorizaram o procedimento. Segundo a Central Estadual de Transplantes CET-MS, Mato Grosso do Sul possui atualmente 428 pessoas na fila de espera por um órgão. Diante da situação, a OPO inicia uma força tarefa em busca por receptores. Em 2020, a quantidade total de doações foi de 162 procedimentos, entre morte encefálica e córnea, ou seja, 4,32% a mais que no ano passado.  

Nesta semana o hospital realizou a primeira captação de órgão de 2022. Duas pessoas foram beneficiadas com a cirurgia de rins, uma no Rio Grande do Sul e outra na capital. Outro dado que chama a atenção, é em relação às doações de córnea nos últimos quatro anos. Segundo informações da CET/MS, em 2019, o estado recebeu 234 doações do órgão, enquanto que em 2020, esse número caiu para 116, redução de 49,57%. No ano passado, Mato Grosso do Sul registrou 124 doações de córnea. 

Para Claire Miozzo, coordenadora da CET/MS, o cenário de redução nos números de doações e transplantes é consequência da pandemia, que afetou o processo. Em alguns, o paciente estava apto a doar, porém, pela contaminação por covid-19, não foi possível realizar o procedimento. 

"Quando dá positivo pra covid-19, há contraindicação para a realização de transplantes. Esse doador infelizmente não pode doar nada por conta da doença. Na pandemia as visitas foram restritas, e o acolhimento não foi feito como deveria. Muitas famílias acabaram dizendo não, por desconhecer a vontade da pessoa que morreu. Outro motivo, é que as famílias tem medo de ir ao hospital devido às contaminações virais e também pela demora na liberação do corpo por conta dos protocolos de saúde”, explicou. 

Todo o processo de doação de órgãos começa a partir da confirmação da morte encefálica, quando o cérebro deixa de funcionar, isso depois de uma série de exames clínicos e de imagem que atestam a inatividade cerebral. A gestora reforça a importância de comunicar em vida, o desejo em ser doador.  

"Se você nunca conversou com a família sobre o desejo em doar, fica muito difícil decidir naquele momento de tristeza sobre o processo de doação. É importante conversar e deixar claro, pois, os familiares que autorizam diante de duas testemunhas", finalizou. Dos 428 pacientes na fila de espera, 276 aguardam por uma córnea, 144 por um rim e oito estão à espera de um coração.