Veículos de Comunicação

Tragédia

Crianças eram deixadas constantemente sozinhas pela mãe, dizem vizinhos

Bebê de quatro meses caiu de terceiro andar de prédio após ser deixado sozinho com irmãos de 7 e 2 anos de idade

Prédio onde ocorreu o incidente com a bebê de 4 meses - Foto: Duda Schindler/CBN-CG
Prédio onde ocorreu o incidente com a bebê de 4 meses - Foto: Duda Schindler/CBN-CG

Uma tragédia anunciada ocorreu na noite dessa terça-feira (12) no Bairro Aero Rancho, região sudoeste da capital. De acordo com moradores do prédio, a bebê de quatro meses, que caiu de uma janela do terceiro andar, o irmão de 2 anos e a irmã mais velha, de 7, eram deixados frequentemente sozinhos no apartamento pela mãe, que trabalhava na feira-central, no período noturno.

Condôminos também apontaram que, há pouco tempo, representantes da escola, onde a primogênita estudava, já estiveram na residência da família para saber o motivo dela faltar tanto às aulas.
 

Altura da queda foi de aproximadamente 10 metros (foto no mesmo andar do ocorrido) Altura da queda foi de aproximadamente 10 metros (foto no mesmo andar do ocorrido) 

Os vizinhos relatam ainda que a mãe das crianças saía com frequência de casa, deixando os filhos sozinhos. "Ela não parava em casa. Ou estava andando por aí no condomínio, ou ficava fora de casa mesmo. As crianças não reclamavam de maus-tratos ou passar fome, mas elas ficavam abandonadas", comentaram. 

De acordo com informações obtidas pela redação da Rádio CBN Campo Grande, o apartamento não possuía telas em nenhuma das janelas, situação comum na maioria dos apartamentos do condomínio. "As pessoas preferem não gastar em uma tela de proteção de 300 reais, e acabam, infelizmente, vendo o filho acidentado", frisou um dos moradores.

TRAGÉDIA 

Porta do apartamento onde as crianças moravamPorta do apartamento onde as crianças moravam – Foto: Duda Schindler/CBN-CG

De acordo com a delegada Nelly Macedo, da Delegacia Especializada de Proteção à Criança ao Adolescente (Depca), responsável pelo caso, a mãe não estava em casa no momento do incidente. "As crianças estavam sozinhas no apartamento, e no meio da noite, a bebê que estava dormindo em uma cama próximo a uma janela acordou chorando. A irmã mais velha, no sentido de acalmá-la, levou ela pra janela pra ver o movimento do trânsito. Em certo momento, a bebê se debateu e acabou caindo do colo da irmã", conta a delegada.

Vizinhos fizeram os primeiros-socorros e levaram a criança ao Hospital Regional, de onde ela foi transferida, no mesmo dia, para a Santa Casa de Campo Grande. A bebê sofreu lesão no abdômen, tórax e na cabeça.

A mãe foi presa em flagrante pelo crime de abandono de incapaz, qualificado pela lesão corporal. Ela não tem antecedentes policiais e disse, em depoimento, que havia saído por alguns instantes para fazer um pagamento.

FAMÍLIA

De acordo com Raquel Lázaro, responsável pelo Conselho Tutelar Sul – que atende a região do Aero Rancho, bairro em que a família mora, as crianças vivem sem a presença da figura de um pai. "O pai da bebê, ele não tá registrado na certidão de nascimento, então legalmente falando é como se não houvesse um pai. O pai das outras duas crianças é um pai ausente, que preferiu se manter ausente porque a mãe ela é um pouco agressiva e ele não queria ter atritos, então ele se manteve ausente da criação das crianças, inclusive nos últimos meses nem com pagamento de pensão", afirmou a conselheira tutelar.

A mãe não informou o paradeiro de outros familiares e, por isso, as crianças foram acolhidas pelo Conselho Tutelar e levadas para um abrigo.  Quem responde pela bebê internada na Santa Casa é a avó materna, que segundo informações, é de Ponta Porã e não conhecia a neta.

CONDOMÍNIO

De acordo com os moradores, é comum crianças ficarem andando sozinhas pelo Condomínio Residencial CH8. Eles afirmam que a polícia já foi chamada várias vezes ao local para atender denúncias de abandono em várias residências.

Em abril de 2022, uma criança de dois anos morreu afogada no mesmo condomínio, ao brincar sozinha, sem a supervisão de um adulto.