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‘É precisa mudar para popularizar a ciência’, avalia professor Ivo Leite

Para Ivo Leite Filho, comunidade precisa entender o papel da pesquisa no Brasil e sua importância

O  professor e coordenador geral de popularização da Ciência e Tecnologia, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Ivo Leite Filho, falou sobre o desenvolvimento da ciência em Mato Grosso do Sul e fez um balanço do setor em 2019 no Estado, durante entrevista, nesta semana, à rádio CBN Campo Grande – emissora integrante do Grupo RCN de Comunicação. Para ele, é preciso que cientistas e pesquisadores mudem de postura e se aproximem mais da sociedade. 

Este ano foi marcado por contingenciamentos na área da educação, que envolveram bolsas de pesquisas e manifestos em todo o país por conta de cortes? 

Os cortes que ocorreram, os contingenciamentos, também nos atingiram em um primeiro momento. Mas, em se tratando de ciência e tecnologia e popularização da ciência, isso não haverá corte. Então eu diria, cientistas e pesquisadores, vamos valorizar mais o Ministério da Ciência e Tecnologia, para que nós tenhamos forças enquanto pesquisadores, enquanto produtores de conhecimento. A gente precisa aprender a fazer essa movimentação. A gente fica nos laboratórios desenvolvendo nossas pesquisas e pouco fazendo interface com atividades de comunidades. Então, a pergunta é: a população sabe o que nós fazemos? Ou somente o meio universitário? Talvez, aí entre o papel muito grande desse setor que eu estou que é da popularização da ciência.

No momento em que a comunidade sente o que fazemos e qual a importância da pesquisa, da síntese, por exemplo, de alguns produtos naturais, e sabe como ela [a pesquisa] age, é a população que vai começar a ser nossa defensora. Talvez isso a gente precise mudar muito, em termos de postura, dentro da academia brasileira. É uma mera leitura. 

O que esperar para 2020 na área da Ciência em Mato Grosso do Sul?

Primeiro, talvez, a partir de 2020 consigamos sentir o resultado do que foi levar a reunião Anual da SBPC para Campo Grande porque nós nos tornamos, em 2019, o centro das atenções do Ministério da Ciência e Tecnologia. Porque nós conseguimos trazer a maior reunião científica para Campo Grande, isso é um fato importante e precisa ser pontuado. Nós tivemos que aprender a ser grande. Nós começamos a olhar a Universidade Federal, a Universidade Católica, a Universidade Estadual como uma unidade grande, sistemática de pesquisa, e que nós construímos conhecimento. Então, os grandes pesquisadores do Brasil viram que nós não somos só gado e não somos só tereré. Somos uma produção científica muito elogiável. Então, isso tem muito a ver com essa postura que a comunidade científica encarou uma reunião Anual da SBPC. Isso é muito importante. 

Quais as pesquisas de pontas que hoje a gente tem? 

Estão relacionadas à biodiversidade, relacionadas à questão das ciências agrárias e nós estamos começando a desenvolver agora, além das ciências farmacêuticas, estamos evoluindo muito na ciência de computação. Isso é uma área que a gente precisa começar a perceber agora. Naturalmente, nós temos uma mão de obra que poderia ser melhor qualificada, nós precisamos ter universidade que consigam dialogar entre si sobre os programas de pós-graduação. Porque eu acho que nós chegamos em um momento no Brasil que, cada vez que a gente se fecha nas suas próprias áreas de conhecimento, a gente tende a perder o poder da comunicação e o poder de trabalho em equipe.