Veículos de Comunicação

Saúde Pública

Gravidez precoce tem redução gradativa na Capital nos últimos anos

Dados mostram diminuição de 2% desde 2019 e profissionais da área falam sobre o atendimento ofertado nas unidades de saúde de Campo Grande

Gravidez precoce tem redução gradativa na capital nos últimos anos - Foto: Reprodução/Freepik
Gravidez precoce tem redução gradativa na capital nos últimos anos - Foto: Reprodução/Freepik

A gravidez na adolescência pode ter diversas causas, inclusive a gravidez desejada. Entretanto, independentemente das causas e desejos de cada adolescente, a gravidez precoce é um problema de saúde pública, uma vez que causa riscos à saúde da mãe do bebê, além do impacto socioeconômico. Em Campo Grande, segundo dados disponibilizados pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), este cenário apresenta um gradativo e lento recuo nos últimos cinco anos, com diminuição de 2% na gravidez de mães de 10 a 19 anos.

Ainda segundo as informações, no ano de 2023 foram 1.227 nascidos vivos de mães adolescentes de 10 a 19 anos no município de Campo Grande, o que representa 10,298%, sendo 36 nascidos vivos na faixa etária de 10 a 14 anos, o que corresponde a 2,9% dos nascimentos, e 1.191 na faixa etária de 15 a 19 anos, o que corresponde a 97,1% nascimentos.

Gerente técnica, Esthefani Uchôa

"A gente fomenta muito essa parte educativa dentro do Planejamento Familiar, a gente apresenta todos os métodos contraceptivos que tem existente na rede, então a gente tem todo esse suporte para a mulher que quer saber um pouco mais sobre os métodos. A gente também tem dentro do Planejamento Familiar, que são as palestras que acontecem nas unidades de saúde, o Programa de Saúde nas Escolas, um programa a nível nacional. Aqui em Campo Grande nós estamos nas escolas municipais e estaduais, com eixos temáticos que a gente trabalha em parceria com a educação, uma delas é esse que eu estou te falando, que é a saúde sexual e reprodutiva", explica a gerente técnica do programa de saúde da mulher, Esthefani Uchôa, sobre os serviços ofertados na capital.

A especialista também informou que, se tratando de gestante adolescente, o protocolo de atendimento segue o mesmo da gestante em idade adulta, sendo feito acompanhamento pré-natal, com pelo menos seis consultas intercaladas entre atendimento médico e com profissional de enfermagem, durante todo o período da gravidez. 

Todos os métodos contraceptivos não definitivos são oferecidos para os adolescentes, podendo, inclusive ser feita a colocação de Dispositivo Intra Uterino (DIU) nas pacientes. E é direito do adolescente, a partir dos 12 anos, a consulta particular – sem a presença de pais ou responsáveis – não sendo necessário, desta forma, a autorização deles para que o adolescente seja atendido pelo núcleo de planejamento familiar nas unidades de saúde. Mas, para o procedimento de implantação do DIU, exames e pareceres médicos são necessários previamente.

O DIU é um método contraceptivo utilizado como forma de evitar gravidezes não planejadas, sendo um importante aliado no planejamento familiar e possibilitando maior autonomia na decisão sobre qual é o melhor momento para se ter filhos.

Na Unidade de Saúde da Família (USF) Coophavilla II Dr. Alfredo Neder, uma das 23 unidades referenciadas para o procedimento em Campo Grande, foi criado um formulário para agilizar o atendimento das mulheres que pretendem colocar o Dispositivo Intra Uterino. Como explica a enfermeira supervisora de residência no local, Rosiani Gomes.

Supervisora na USF Coophavilla II, Rosiani Gomes

"O público geral que chegar aqui na procura de inserção de DIU, ela pode entrar na demanda, a gente faz isso dentro dos consultórios das equipes no horário oportuno. Nós temos também um facilitador que é o link que nós criamos aqui dentro da unidade, que está disponível para a população. Ela preenche ou qualquer um profissional da unidade pode preencher o forms com os dados da paciente para a gente entrar em contato. Em 2023 a gente teve inserção de 136 DIUs aqui na unidade e no ano de 2024 até fevereiro, tivemos inserção de 16 DIUs", disse Rosiane.

A assistente administrativa, Jéssica Karina Cordeiro, é uma das pacientes que foi até o local para pedir pela inserção do DIU e conta que pesquisou bastante antes de escolher este método anticoncepcional.

Assistente administrativa, Jéssica Karina Cordeiro

"Esse interesse veio desde quando eu tive a minha segunda filha, né, e eu tô procurando um método menos invasivo e eficaz pra não ter mais filhos e eu tenho sensibilidade, eu não posso tomar pílula que eu tenho enxaqueca, então eu tenho um pouco de restrição com hormônios, então o DIU é o mais indicado pra mim, é o que mais me favorece", contou Jéssica.

De acordo com o médico da família e comunidade na USF Coophavilla II, Doutor Jeferson Moraes Mota, o DIU é um método indicado para mulheres que não toleram ou que possuem contraindicação para o uso do estrogênio, dentre elas tabagistas, hipertensas, diabéticas, mulheres que sofrem de enxaqueca, e também indicado para adolescentes com vida sexual ativa.

"Lembrando de que se trata de um método que não protege contra infecções sexualmente transmissíveis. As contraindicações desse método incluem mulheres com suspeita de gravidez, aquelas que estão apresentando infecção do colo uterino ou com suspeita de câncer de colo uterino. Também são incluídas nas contraindicações mulheres que apresentam miomas que deformam a cavidade uterina. Mulheres com distúrbios de coagulação ou em uso de anticoagulante também devem evitar esse método. A principal complicação inclui o aumento do fluxo menstrual para o DIU de cobre e, em alguns casos, aumento da cólica menstrual. De cobre é o fato de ser um método não hormonal de alta eficácia podendo ser utilizado por um período de até 10 anos para a troca", concluiu o médico.