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Hospital Universitário espera medida da Sesau para reduzir superlotação

Ontem, HU chegou a anunciar fechamento do Pronto Atendimento Médico

Ontem, HU chegou a anunciar fechamento do Pronto Atendimento Médico - Foto: Isabelly Melo/CBN
Ontem, HU chegou a anunciar fechamento do Pronto Atendimento Médico - Foto: Isabelly Melo/CBN

Após anunciar ontem (25), o fechamento do Pronto Atendimento Médico (PAM), o Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap) voltou atras e negocia na tarde desta quinta-feira (26) a transferência de pacientes para outros hospitais. A depender do tom da reunião com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) o HU pode anunciar novo fechamento.

Conforme dito em nota, o HU tentou contato com a Sesau por diversas vezes para alertar sobre a situação do atendimento no PAM, contatos esses ignorados pela Secretaria. “Apesar de documentos anteriores já enviados e inúmeros contatos com a equipe técnica da Secretaria Municipal de Saúde, a situação de superlotação do Pronto Atendimento Médico (PAM) adulto do Humap-UFMS/Ebserh continua e de forma cada vez mais preocupante”, informou nem nota divulgada à imprensa.

A superlotação coloca em xeque o atendimento à população, que fica exposta a condições inadequadas de espaço e funcionários, ferindo o princípio de equidade do Sistema Único de Saúde (SUS).

Conforme um funcionário do HU, que não quis ser identificado, a situação é recorrente e de conhecimento da Sesau, que por vezes, conforme os funcionários, faz o repasse de pacientes, mesmo sabendo da lotação e quando pressionada pela população divide o fluxo, mas torna a repassar pacientes a hospitais com superlotação.

"É um ciclo, a gente ameaça fechar, ou fecha, aí a Sesau vem, conversa, promete que vai resolver, resolve temporariamente, passa-se alguns meses e a situação volta para o mesmo patamar. O grande problema da saúde no estado é porque está tudo concentrado aqui na capital. Então, enquanto a Secretaria Estadual de Saúde não começar a aparelhar os pequenos municípios, para não ter que ficar enviado paciente para cá por qualquer coisinha, a gente vai continuar com Santa Casa super lotada, Regional superlotado, HU superlotado", declarou.

O funcionário disse ainda que esse repasse desenfreado acontece por serem caracterizadas como vagas zero, ou seja, de extrema urgência. Assim, a acolhida do paciente não pode ser negada pelo HU.

Segundo o Hospital, a capacidade instalada e contratada pelo Gestor Municipal é de 18 leitos, sendo a equipe assistencial e equipamentos médicos dimensionados para prestar atendimento seguro e de qualidade para tal quantitativo.

Na manhã desta quinta-feira, conforme informado pela assessoria do HU, para os sete leitos disponíveis na área crítica haviam 14 pacientes, quanto na área verde dos três que ainda estavam disponíveis, havia 27 pessoas.

Em nota, a Sesau respondeu a Rádio CBN que ontem, quando soube do anuncio de fechamento do PAM, tomou medidas para reduzir o número de pacientes no local, afirmando que a situação está sendo monitorada. “Neste momento a Sesau está em contato com este e outros hospitais para realizar a transferência de alguns pacientes para unidades onde a lotação está menor e desviando o fluxo”, disse em nota.

Confira a nota completa do HU:

Apesar de documentos anteriores já enviados e inúmeros contatos com a equipe técnica da Secretaria Municipal de Saúde, a situação de superlotação do Pronto Atendimento Médico (PAM) adulto do Humap-UFMS/Ebserh continua e de forma cada vez mais preocupante.

A capacidade instalada e contratada pelo Gestor Municipal é de 18 leitos, sendo a nossa equipe assistencial e equipamentos médicos dimensionados para prestar atendimento seguro e de qualidade para esse quantitativo.

Hoje temos a área verde com mais de 1000% de superlotação (37 pacientes para apenas 3 vagas), vermelha com 8 pacientes (são apenas 6 vagas) na área crítica do PAM do hospital, triagem respiratória com 3 pacientes (1 vaga), amarela 4 pacientes (4 vagas), Unidade de AVC com 4 pacientes (4 vagas).

A regulação segue acrescentando mais pacientes nas áreas onde é essencial que haja espaço físico adequado, monitorização, profissionais, higiene e tempo para o cuidado.

Pacientes críticos são retirados das UPA ou CRS, encaminhados para o hospital e permanecem em macas retidas por dias, sem monitorização multiparamétrica ou dimensionamento adequado de espaço e funcionários, não sendo este considerado o cuidado adequado ao paciente, ferindo o princípio de equidade do SUS e transferindo responsabilidades.

O Humap-UFMS/Ebserh não tem autonomia para gerir a falta de vagas, mas de gerir as vagas que efetivamente existem

Uma superlotação de 1000% não é aceitável, cabível ou executável e não pode ser considerada um meio para um fim pois, este meio, custa eventos adversos, por vezes irreversíveis, como erro de medicação, quedas, lesões por pressão, pneumonia broncoaspirativa, infecção por germe multirresistente, entre outros.

Com pacientes críticos acima da capacidade na área vermelha não é possível identificar arritmia do infarto sem monitorizá-lo com cardioscopia, nem tratar sepse sem alcançar o acesso venoso para infundir o antibiótico que é tempo dependente e deve ser realizado na hora certa, nem AVC sem possibilidade de manter a cabeceira do paciente elevada ou aferir a pressão e também ignorar a letalidade de três das doenças que mais matam os   brasileiros há décadas (infarto, AVC e sepse).

Portanto, diante da situação caótica relatada, COMUNICAMOS COM 24 HORAS DE ANTECEDÊNCIA, O FECHAMENTO TEMPORÁRIO DO PAM ADULTO DO HUMAP/UFMS, até que os pacientes possam ser remanejados para leitos adequados e a Central de Regulação volte a respeitar a capacidade instalada e contratada.