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MS continua sendo uma boa opção para o setor de produção de bioenergia

Presidente da Biosul avalia desafios e potencial do Estado, superando desafios trazidos inclusive pela pandemia

As perspecitivas do setor produtor de açúcar e álcool em Mato Grosso do Sul, sobretudo em função da pandemia dos seus impactos no mercado e o seu papel no desenvolvimento do Estado foram os principais temas de entrevista concedida pelo presidente da Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul, Biossul, Roberto Hollanda, ao jornalista Ginez Cesar, da CBN Campo Grande, como parte de um conjunto de depoimentos que serão registrados em comemoração aos 43 anos de criação de Mato Grosso do Sul. O setor sucroalcooleiro é um dos mais fortes do agronegócio sul-mato-grossense. Veja a seguis os principais trechos da entrevista.

Presidente, como podemos avaliar hoje, nossa atual safra, não ignorando a questão da pandemia e toda essa situação climática que estamos vivendo, qual a análise que dá pra fazer?

Roberto Hollanda O momento não é o melhor possível. Nós, evidentemente, já vínhamos entrando nessa safra que começou em primeiro de abril, junto com a pandemia, que ficaram mais graves no Brasil. Nós tivemos um problema climático anterior que sabíamos que nossa matéria prima não vinha tão boa e aí evidentemente veio a pandemia e atrapalhou muito. O que acontece hoje? Estamos com a safra 8% atrasada, processamos pouco mais de 32 milhões de toneladas até agora, em um contexto que esperamos até março do ano que vem chegar perto dos 50 milhões de toneladas. A cana está atrasada, mas melhor. Esse é um efeito também do calor, da estiagem, temos uma cana com 5% a mais de açúcar, então estamos compensados pela baixa quantidade com uma maior qualidade, dentro do que esperávamos, em um cenário que poderia ter sido muito pior.

O Estado é mais produtor de etanol que açúcar?

Roberto Essa é uma característica fundamental nossa. O setor, normalmente, destina 70% da cana para o etanol e 30% para o açúcar, lembrando da nossa vocação também de produzir bioeletricidade. Hoje nosso setor produz mais eletricidade do que o consumo residencial de todo o Mato Grosso do Sul, então é uma característica importante. Mas outra característica dessa safra é que ano passado produzimos quase que só etanol. O setor destinou 88% da cana para a produção do etanol e este ano normaliza um pouco. Por vários motivos de mercado o setor volta a sua normalidade, destinando então 30% para a produção de açúcar e 70% para o nosso combustível verde.

O Estado está completando 43 anos, e como você vê Mato Grosso do Sul dentro do seu setor das perspectivas do Estado, qual é sua análise?

Roberto Historicamente, os registros de produção de cana com usina no Mato Grosso do Sul têm cerca de 35 anos, e o Estado era um produtor discreto no cenário nacional. A partir dos anos 2000 desenvolvemos uma política de atração de investimentos, e manteve até hoje essa política, e você vê que o Estado virou uma potência no setor. Hoje nós somos o quarto maior Estado do Brasil, na produção de cana-de-açúcar, e veja que nós somos um país tradicional nesse segmento. Nós somos o terceiro maior produtor de etanol e quinto na produção de açúcar, proporcionalmente nós somos o segundo maior de bioeletricidade do Brasil, ou seja, somos um Estado bastante relevante e podemos muito mais. 

Esse crescimento e essas perspectivas têm relação também com a questão da geração de energia sustentável que praticamente o mundo todo debate hoje?

Roberto Acho que depois de um momento de instabilidade, temos muitos fatores. Esperamos ver o mercado de biocombustíveis crescer não apenas no Brasil como em todo o mundo, o país vai precisar de energia e estamos prontos para atender isso. O setor consegue entregar eletricidade de forma muito rápida e de forma distribuída, não precisa passar anos construindo hidrelétricas e eu acho que Mato Grosso do Sul continua sendo uma grande opção de investimento no setor e a gente espera crescer. Acho que continua havendo um bom ambiente para o investimento no Estado, não somente quando a gente trata das questões climáticas e de topografia e terra, mas também no ambiente institucional, nossa relação do setor com o Governo do Estado, com o poder público, com as outras entidades representativas, um exemplo é a Federação das Indústrias, a própria Federação da Agricultura também. Então, esse ambiente institucional é positivo e claro o espaço que a imprensa nos dá para contarmos nossa história, que também é muito importante. Mas a gente espera que volte a haver investimentos e que a gente cresça ainda mais com o setor sucroenergético aqui no Estado.