A pandemia impactou na dinâmica de diversos setores, entre eles a educação. Muitos alunos não conseguiram avançar com as aulas a distância, principalmente os que estavam passando pela alfabetização.
Na Escola Municipal de Tempo Integral Kamé Adania, em Campo Grande, o que seria um problema se tornou porta de entrada para um projeto que mudaria a rotina dentro e fora da sala de aula, o Estante Mágica.
Évila de Almeida, professora do 3º ano, foi quem teve a ideia de levar o projeto nacional, que visa a escrita de livros e formação de pequenos autores, para os alunos da integral.
“Desde que eu conheci o projeto, eu coloquei uma meta de que todos meus alunos irão escrever um livro. O intuito é despertar esse interesse na criança, de ela ter essa paixão pela leitura, porque abre janelas e constrói sonhos”, disse.
A Estante Mágica tem sido uma importante aliada da professora, que na volta as aulas presenciais, com o ensino híbrido, identificou a diferença no nível de aprendizagem dos alunos.
“Poucos alunos estavam alfabetizados, e precisamos construir todo aquele vínculo para a construção alfabética. Tinha alunos que liam, outros ficavam com vergonha porque estavam na mesma idade e não sabiam. Então, o projeto do livro foi para que eles pudessem acreditar neles mesmos”, explicou a professora.
Durante a construção dos livros, que contam com partes escritas e desenhadas, são trabalhados os valores da vida através das histórias do pequeno príncipe. Resgatando a importância do respeito, da responsabilidade, bondade, esperança e amor ao próximo, mesmo em tempos difíceis.
Hannyel Hanã, de 9 anos, é um dos alunos da professora. O estudante ficou animado desde o começo do projeto, mesmo com dificuldade para ler e escrever. Hoje ele já manda bem na letra de forma e na cursiva, além de ter pego o gosto pela leitura, partindo do pequeno príncipe.
“Esse livro me emocionou muito, porque trouxe paz para mim e para a minha mãe. Eu fico muito feliz (em escrever o livro), e me dá uma coisa no coração de tão feliz”, revelou.
O desenvolvimento dos alunos, como o Hannyel, foi o motivo principal para a aceitação do projeto pela diretoria e coordenação. Amélia Rodrigues, coordenadora da Kamé Adania, disse que a escola como um todo já começou a colher os frutos da iniciativa.
“Esse aluno está mais motivado a ler, a escrever, interagir melhor com os colegas. Isso despertou os alunos não só para a língua portuguesa, mas para matemática, história, ciências. E eles estão muito empolgados”, revelou a coordenadora.
Nesta sexta-feira (01), toda a experiência e aprendizagem permitida pelo projeto foi eternizada com uma arte em uma parede da escola. A obra teve com a contribuição voluntária do artista Leonardo Mareco.
A expectativa é que os livros estejam prontos em novembro deste ano, já nas mãos dos pequenos. Como parte do projeto, todos terão acesso ao livro digital, gratuito.
Com a ajuda da professora, dos pais e de apoiadores parceiros, cada aluno terá ainda uma cópia física dos livros que fizeram. Fechando a caminhada com uma tarde de autógrafos na escola, assim que as obras estiverem em mãos.