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Qualidade De Vida

Rede Hemosul é referência em tratamento de Hemofilia e hemopatias

Além da distribuição de medicamentos de profilaxia, rede também aproveita o plasma das doações de sangue para produção dos fatores de coagulação, que permitem melhor qualidade de vida aos pacientes

Bolsas de plasma são armazenadas para envio por remessas - Foto: Isabela Duarte/ CBN CG
Bolsas de plasma são armazenadas para envio por remessas - Foto: Isabela Duarte/ CBN CG

A Rede Hemosul passou a ser vinculadas à Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) para envio de plasma, que é transformado em diversos medicamentos necessários para tratamento e profilaxia de hemofilia, entre outras doenças do sangue. 

Hoje, Mato Grosso do Sul é um dos estados referência na distribuição de fatores de coagulação, fator de Von Willebrand e Albumina – usada em tratamento de doenças autoimunes.

A parceria com a Hemobrás era esperada há anos. Em 2022, o Hemosul passou por auditoria e conseguiu o aval para envio do material biológico, mas ainda sim passa por reformas para garantir maior e melhor armazenamento do plasma. A primeira remessa foi entregue em outubro de 2023.

Plasma retorna ao Hemosul como medicamento – Foto: Isabela Duarte/ CBN CG

A coordenadora da Rede Hemosul, Marli Vavas, explica que o sangue é separado em hemocomponentes e um deles é o plasma, que pode ficar congelado por cerca de um ano. O plasma excedente da Rede é agora convertido em hemoprodutos.

"Aquele que não é utilizado para os pacientes vai para a indústria, que retira tudo o que é medicamento no plasma do doador, para ser difundido nos pacientes", acrescenta.

Na próxima remessa, em 18 de janeiro de 2024, serão enviadas mais de mil unidades de plasma ao Hemobrás, que concentra todas as doações do país e as enviam para fábricas europeias, na Suécia, Alemanha e Finlândia.

Qualidade de vida

Com a profilaxia realizada desde cedo nos pacientes, a qualidade de vida dos hemofílicos aumenta consideravelmente. Hoje, há casos no Estado de crianças de dois anos de idade que recebem o fator, com isso, elas não terão sangramentos e evitarão diversos problemas de saúde quando crescerem.

"Ela não têm as hermartroses. Os pacientes mais de idade, com esse sangramento, ficam inchados, inflamados e com muitas dores", afirma Marli.

Hoje no Estado, 111 pessoas possuem a Hemofilia do tipo A, 21 pacientes o tipo B e, devido à falta de diagnósticos, 56 sul-mato-grossenses recebem os medicamentos para Síndrome de Von Willebrand.

Para conseguir atender a todos os pacientes, o Hemosul envia os medicamentos derivados do plasma aos municípios do interior por meio de ambulâncias, entre atendimentos de urgência, nas cidades que não possuem unidades da Rede, como Bonito. 

Neder dos Santos afirma que a profilaxia com fator de coagulação é feita no país há 12 anos – Foto: Reprodução

O presidente da Associação de Hemofílicos do Mato Grosso do Sul, Neder dos Santos, relata que a principal dificuldade dos portadores da doença são as complicações na saúde e a realização de procedimentos cirúrgicos ainda muito jovens – no caso de pessoas que não recebem desde cedo os fatores de coagulação.

"Hoje em dia, um paciente faz uma prótese total de joelho aos 60 anos, mas um paciente hemofílico, com 20, 30 anos já está fazendo prótese. Então a gente luta muito para que os pacientes venham a fazer o tratamento correto, porque hoje em dia o SUS  oferece este tratamento gratuito.  Eu tive praticamente 20 anos da minha vida sem ter direito ao tratamento específico", afirma Neder, que está se recuperando de uma cirurgia de prótese de joelho, aos 41 anos, nesta sexta-feira (29).

Ele foi operado no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (INTO), no Rio de Janeiro, pois Mato Grosso do Sul ainda não realiza cirurgias hemofilicas em hospitais públicos.

O servidor público Odirley Viegas, de 45 anos, passou por uma luta parecida com a de Neder. Ele foi o primeiro hemofílico a realizar uma cirurgia de prótese no Estado, por meio do hospital particular.

Hoje, a aplicação dos medicamentos é feita pelo próprio paciente, facilitando a rotina – Foto: Reprodução

"Eu comecei a tomar o fator profilático depois de 30 anos e tive muita sequela. Já tenho duas próteses no joelho e tenho um cotovelo com limitação de movimento. Eu fiz aqui a minha cirurgia, porque tenho plano de saúde, mas foi uma guerra muito grande, uma batalha enorme para conseguir", afirmou Odirley.

Para o tratamento desde o diagnóstico, os medicamentos derivados do plasma não têm custo algum para os pacientes ou para o Hemosul, sendo fornecidos pelo poder público. A rede sul-mato-grossense calcula que, em 2022, todos os produtos para hemopatias destinados à MS custaram R$ 12 milhões para o Sistema Único de Saúde (SUS).

Desafios 

Apesar de referência em distribuição de tratamento, o Estado ainda precisa melhorar o processo de diagnóstico dos pacientes, além da questão de não realizar cirurgias pelo SUS.

Odirley Viegas aponta que a maioria dos exames não é feita em Mato Grosso do Sul e portadores da doença buscam análises em outros estados.

"Praticamente não tem exame, não tem a estrutura de hematologista e de outros profissionais também que devem ser da equipe multidisciplinar. Um exame que é difícil de fazer é o de porcentagem de fator, para saber qual é o tipo de classificação da nossa hemofilia, seria um dos exemplos", relata.

Sobre a questão, a coordenadora do Hemosul, Marli Vavas, afirma que o órgão está tentando trazer a coleta de exames diagnósticos para MS. "Nos estamos há bastante tempo tentando colocar no nosso laboratório. Estamos buscando essas alternativas para os pacientes".

Atendimento

Para pacientes hemofílicos, na Capital há o Ambulatório de Coagulopatias da Rede Hemosul MS, localizado na unidade do Hemosul do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, no período da tarde, conforme demanda dos pacientes e agendamento da equipe multiprofissional.

Para doações de sangue e/ou plasma, o Hemosul Coordenador funciona na Av. Fernando Correa da Costa, 1304, de segunda à sexta das 7h às 17h. Aos sábados, das 7h às 12h

O Hemosul da Santa Casa e do Hospital Regional ficam abertos de segunda à sexta, das 7h às 12h.

Contato com a Rede Hemosul pode ser feito por meio dos telefones (67) 3312-1500 / 3312-1517 e whatsapp (67) 98163-1547 whatsapp – Atendimento ao Doador.

Mais informações sobre Capital e interior do Estado podem ser conferidas no site.

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