Veículos de Comunicação

Você Sabia?

Teste da linguinha garante a saúde do recém-nascido

Exame é obrigatório no Brasil desde 2014

Anomalia congênita tem sido apontada como um dos fatores que podem interferir negativamente na amamentação - Foto: Reprodução/Internet
Anomalia congênita tem sido apontada como um dos fatores que podem interferir negativamente na amamentação - Foto: Reprodução/Internet

Desde 2014, a avaliação do frênulo lingual em recém-nascido, conhecida como teste da linguinha, é um protocolo obrigatório para o recém-nascido. A avaliação é indolor e permite detectar se há alguma alteração na língua capaz de interferir diretamente na qualidade da amamentação do bebê e no desenvolvimento da fala, mastigação, deglutição e higiene oral. 

Foi o que aconteceu com as duas filhas da dona de casa Daniele dos Santos Silva, que foram diagnosticadas com língua presa.

"A minha primeira filha e agora a minha segunda, têm a língua presa. Foi recomendado fazer o teste e descobriu. Na época da minha primeira filha o teste não foi feito e ela não fez nenhum tratamento. Mas agora com a minha filha mais nova vai ser feita a cirurgia pra não ter problema no futuro. Ela tem só três dias e perdeu peso. Então vai tomar fórmula pra aumentar o peso. Acho importante que o teste seja feito e o problema seja descoberto desde o início", contou.

O procedimento que será realizado com a filha recém-nascida de Daniele é frenotomia, procedimento cirúrgico feito para corrigir o freio ou frênulo da língua ou lábio da criança quando há encurtamento. Como conta a Fonoaudióloga, Maria Gabriela Borgo Murback Delsin e que, inclusive, fala sobre o Bristol, protocolo utilizado pelas unidades de saúde para a realização do exame.

"A gente aplica o Bristol, protocolo sugerido pelo Ministério da Saúde, e todos os bebês passam pela avaliação. Existe uma numeração de pontos que o bebê ganha, sendo classificada em língua normal, língua duvidosa e língua presa. E são encaminhados para medidas dependendo da pontuação. Quando o score é bem baixo, a gente encaminha para o pessoal da bucomaxilo, que vai fazer uma avaliação também, e ver se precisa fazer a frenotomia", explicou.

A especialista atende na Santa Casa em Campo grande e também fala sobre a importância do exame para o desenvolvimento saudável do recém-nascido.

"Tem até uma pergunta que é muito frequente pra mim. Ah, por que tem tanta língua presa agora? Porque agora é lei. Todo bebê tem que sair da maternidade com teste da linguinha. Antes não era lei. E eu que sou um pouquinho mais antiga, lembro que na minha época não fazia isso. Vários de nós temos a língua presa e nem sabemos. Só que é um impacto grande na amamentação e no desenvolvimento da fala, quando começa a introdução alimentar do bebê. Então é importante que seja feito", concluiu.

Fonoaudióloga, Maria Gabriela Borgo, durante oficinia no Fórum

A fonoaudióloga é especialista na saúde do recém-nascido e está inclusive participando de um evento promovido pela Secretaria Municipal de Saúde na capital, voltado para a capacitação dos profissionais no cuidado com recém-nascidos. Maria Gabriela Borgo é palestrante no VIII Fórum Perinatal Municipal da Rede Cegonha de Campo Grande, onde ministra oficina sobre a realização correta do teste da linguinha.

 

O evento é realizado há oito anos na capital e conta com extensa programação voltada aos multiprofissionais que atuam na saúde e, de acordo com a gerente técnica de Saúde da Mulher de Campo Grande, a enfermeira Karine Jarcem, a iniciativa já tem surtido efeito nos últimos anos na saúde dos bebês em seus primeiros dias.

"No ano de 2022, nós tivemos óbitos por afogamento por leite materno em bebês com mais de 30 dias de vida. São aqueles bebês que estão em casa com a sua mãe e que, por vezes, a mulher não sabe qual é a conduta que ela tem que fazer para poder salvar o bebê dela ou até mesmo fazer com que ele melhore do engasgo. No ano passado, nós capacitamos os nossos profissionais que fazem esse atendimento de pré-natal na atenção primária para que ele possa abrir um grupo de gestantes e, dentro do grupo de gestante, orientassem essa mulher do que ele tem que ser feito. Então, foi feita essa capacitação. Com isso, neste ano nós não tivemos nenhum óbito por afogamento por leite materno no município de Campo Grande", afirmou.