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Aluguel de ações da Vale dispara antes da divulgação do balanço

A constatação foi feita pelo diretor do portal InvestCerto, Luiz Rogé, que faz o acompanhamento diário dessas posições

Pode ser apenas coincidência, mas foi verificado um forte aumento no aluguel de ações PNA da Vale ontem (10), no pregão que antecedeu a divulgação de resultados da companhia. Foram alugadas mais de 12,4 milhões de ações, uma posição que equivale a mais de R$ 400 milhões.

A constatação foi feita pelo diretor do portal InvestCerto, Luiz Rogé, que faz o acompanhamento diário dessas posições. Para ilustrar o quão grande foi o aluguel de ontem, o especialista aponta que nas últimas semanas, a variação diária dos aluguéis não passava de 800 mil ações.

O aluguel de ações ajuda a medir a expectativa de baixa sobre os ativos de uma companhia, pois o investidor aluga as ações e vende no mercado à vista na esperança de recomprar os ativos mais baratos depois. Ou seja, o agente se expõe apostando ou antevendo uma queda brusca no preço dos ativos.

Segundo Rogé, não dá para afirmar que o agente, ou os agentes, que fizeram esse grande aluguel de ações da Vale venderam as ações no mercado à vista. No entanto, essa é a operação que faria mais sentido, tendo em vista que o papel desaba no pregão de hoje em função dos resultados pouco animadores apresentados pela mineradora.

Rogé, que é especialista em opções, explica que esse tipo de operação embute um risco muito grande, pois caso o papel suba, a perda do investidor pode ser ilimitada.

Uma forma de se fazer esse tipo de operação sem correr risco de alta da ação é alugar o papel, fazer a venda a descoberto e ao mesmo tempo comprar uma opção de compra.

"Isso se chama opção de venda sintética. O agente ganha dinheiro com a queda do papel sem correr o risco ilimitado no caso de alta do preço do ativo."

Por volta das 13 horas, na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o papel PNA da Vale caía 2,27%, a R$ 41,24, e o ON recuava 2,28%, a R$ 47,44.

No noite da quarta-feira, a mineradora reportou lucro líquido de R$ 2,629 bilhões para o quarto trimestre de 2009, uma alta de 7,7% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, mas 12,54% abaixo do resultado do terceiro trimestre.

No acumulado de 2009, entretanto, a Vale teve lucro de R$ 10,249 bilhões, menos da metade do resultado de 2008, que fora de R$ 21,279 bilhões.