A Aracruz registrou prejuízo de R$ 2,981 bilhões no quarto trimestre do ano passado, revertendo um lucro de R$ 187,3 milhões obtido em igual período do ano anterior. As perdas registradas entre outubro e dezembro do ano passado pela maior produtora mundial de celulose branqueada de eucalipto representam o primeiro resultado negativo da empresa para o período dos três últimos meses do ano nesta década.
O pior dado desde 2001 havia sido registrado naquele mesmo ano, quando a empresa apurou lucro líquido de R$ 23,5 milhões. Segundo a Aracruz, o resultado do quarto trimestre de 2008 foi prejudicado principalmente pelo impacto negativo das perdas com operações de derivativos e da valorização do dólar ante o real no endividamento da empresa, que tem mais de 70% da dívida em moeda estrangeira. No fim de 2008, a dívida líquida cresceu 292%, para R$ 8,682 bilhões.
No período entre outubro e dezembro de 2008, a receita líquida da Aracruz caiu 3%, para R$ 932,7 milhões, e o Ebitda ajustado (incluindo a Veracel) recuou 7%, para R$ 397,3 milhões.
Além da pressão sobre o resultado financeiro, o balanço do quarto trimestre também confirmou a expectativa do mercado em relação à desaceleração das vendas da companhia. A comercialização de celulose da Aracruz no último trimestre de 2008 totalizou 735 mil toneladas, o que representa uma queda de 13% em relação ao quarto trimestre de 2007, e o pior nível para o período desde 2004. Na prática, isso significa que o volume de negócios dos três últimos meses de 2008 foi o menor já registrado pela empresa em um quarto trimestre desde o início das operações da Veracel, em maio de 2005. Naquele ano, as vendas da Aracruz, somadas a 50% das vendas diretas feitas pela Veracel, atingiram 777 mil toneladas. No período entre outubro e dezembro de 2008, as vendas de papel foram de 16 mil toneladas, com alta de 7%. A produção de celulose, incluindo a Veracel, foi de 714 mil toneladas, com queda de 10%.
Em todo o ano passado, a Aracruz registrou prejuízo de R$ 4,194 bilhões, revertendo lucro líquido de R$ 1,044 bilhão no ano anterior, devido principalmente ao impacto negativo das perdas com operações de derivativos. A receita líquida caiu 5%, para R$ 3,466 bilhões e o Ebitda ajustado caiu 14%, para R$ 1,44 bilhão.
Em 2008, as vendas de celulose caíram 6%, para 2,917 milhões de toneladas, e as vendas de papel recuaram 3%, para 57 mil toneladas. Já a produção de celulose, incluindo a Veracel, teve leve alta de 0,4%, para 3,106 milhões de toneladas.
