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BC vê riscos na rapidez de recuperação da indústria

A previsão é do Banco Central e foi incluída no relatório de inflação

Mantido o atual ritmo de produção, o nível de utilização da capacidade instalada da indústria atingirá 86,5% em maio, perto de bater o recorde registrado em junho de 2008. A previsão é do Banco Central e foi incluída no relatório de inflação divulgado na semana passada. A economia brasileira estaria, assim, perto de se recuperar inteiramente dos efeitos da crise financeira internacional, que atingiu com força o país em meados de setembro de 2008. Isso significa também que o Comitê de Política Monetária pode estar a ponto de promover uma nova rodada de aperto monetário, via aumento da taxa de juros, para combater as possíveis pressões inflacionárias.

O nível de utilização da capacidade instalada, calculado pela Fundação Getúlio Vargas, bateu seu recorde em junho de 2008, ao atingir 86,7%. Considerando a taxa atual de expansão trimestral – de 1,8 ponto percentual no trimestre concluído em novembro -, o indicador atingiria 86,5% em maio.

“Nesse cenário, a condução da política monetária deverá passar a considerar não apenas as perspectivas de retomada efetiva dos investimentos na capacidade produtiva da indústria e os prazos de maturação destas inversões, quanto os efeitos defasados dos estímulos de política econômica adotados no período recente", diz o documento. Em outras palavras, o BC afirma que a forte redução da taxa básica de juros (Selic) ao longo de 2009 – de 13,75% para 8,75% ao ano – ainda terá impacto de estímulo à demanda.

Além disso, o documento deixa claro que o Copom não ficará de olho apenas na retomada dos investimentos, que, em última instância, aumentam a capacidade produtiva da economia e, portanto, elevam a oferta de bens e mercadorias, diminuindo as pressões inflacionárias. Na última ata do Copom e no relatório de inflação, o BC desarmou expectativas de aumento dos juros a curtíssimo prazo, mas sinalizou que poderá fazer isso nos meses seguintes. Economistas de banco já estão revendo projeções para taxas de juros e admitem que um aperto monetário pode ter início em março.