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Brasil emprestará US$ 10 bilhões ao FMI e voltará a ser credor

É como se o Brasil desse um cheque de US$ 10 bilhões ao FMI, para ser usado em caso de emergência

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou nesta quarta-feira (10) que o Brasil vai emprestar US$ 10 bilhões ao FMI (Fundo Monetário Internacional). Com a decisão, o país exerce, pela primeira vez, o papel de financiador do fundo, já que, apesar de integrar o grupo dos 47 países credores, o Brasil ainda não havia feito empréstimos fora de sua cota (hoje de US$ 4,7 bilhões).

Segundo Mantega, os financiamentos ao FMI serão feitos pela compra de bônus (títulos), expressos em direitos especiais de saque, modalidade que já existia no fundo e foi recuperada pelo Brasil. É como se o Brasil desse um cheque de US$ 10 bilhões ao FMI, para ser usado em caso de emergência, e pelo qual o país recebe juros –a taxa ainda não foi definida.

"É uma aplicação que o Brasil está fazendo para o FMI poder ajudar os países em crise, principalmente os emergentes", disse Mantega.

Segundo o ministro, essa modalidade de empréstimos é distinta cota e provisória –enquanto o FMI não faz a reforma de cotas de participação dos países, aumentando a do Brasil e dos emergentes.

"O rendimento ainda vai ser definido pela diretoria do fundo. A parte das reservas que será usada é o Banco Central que decide (…). Não vamos esperar um grande rendimento [do volume emprestado], porque senão o FMI teria que repassar isso aos países em crise, em juros altos", completou o ministro.

A decisão foi acertada na noite de ontem com o presidente Lula, e já havia sido combinada durante a reunião do G20 financeiro, em abril.

"O Brasil está encontrando condições de solidez pra emprestar recursos ao fundo, no passado era o contrário, ele que pegava emprestado. Agora, acumulou as reservas pra poder ajudar a comunidade internacional."

Em abril, na reunião do G20 em Londres, os países com recursos disponíveis decidiram fazer aportes, de modo que o FMI arrecadasse US$ 500 bilhões, disse Mantega. Segundo ele, trata-se de uma ação importante porque "ajuda a encurtar a crise internacional" e a viabilizar a retomada mais rápida do comércio mundial e dos investimentos.

Os BRICs (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China) também fizeram parte da iniciativa: a China emprestou US$ 50 bilhões e a Rússia, US$ 10 bilhões –a Índia ainda não definiu o valor.

As reservas internacionais estão hoje em cerca de US$ 200 bilhões. Esse volume permanecerá inalterado, uma vez que o Brasil apenas modifica o tipo de aplicação. Em vez de aplicar as reservas, por exemplo, em títulos do governo norte-americano, investiria nesses bônus do FMI. "É um segundo passo importante que o Brasil tem dado no sentido de tornar credor e não devedor", afirmou Mantega.