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Brasil pode emprestar de imediato até US$ 4,5 bi ao FMI

Esse valor corresponde à cota do Brasil no Fundo.

O Brasil poderá emprestar de imediato até US$ 4,5 bilhões ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Em comunicado feito hoje, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou que o FMI convidou o Brasil a participar do grupo de países credores do Fundo, chamado pelo ministro de Fundo de Transação Financeira. Segundo o ministro, se chamado, o Brasil poderá contribuir com o montante de até US$ 4,5 bilhões para reforçar o caixa do FMI com o objetivo de emprestar recursos aos países que estão precisando de ajuda neste momento de crise financeira internacional.

Esse valor corresponde à cota do Brasil no Fundo. Caso o Brasil seja chamado pelo FMI a emprestar, explicou o ministro, o governo recebe Direitos Especiais de Saque do FMI, que podem ser contabilizados nas reservas internacionais brasileiras. Dessa forma, segundo Mantega, num eventual aporte ao Fundo, as reservas internacionais não serão afetadas.

Hoje, dos 185 países que integram o FMI, 47 são países credores. "São países que são avaliados e que demonstram que têm solidez em suas contas externas e têm reservas", disse Mantega.

"Eu estou aceitando esse convite do Fundo. Para nós é importante porque nós estaremos do lado daqueles que vão contribuir no caso que o Fundo precise para financiar outros países", disse. Segundo o ministro, não será a primeira vez que o Brasil integra esse grupo. Ele disse que, até 1982, o País fazia parte do grupo de credores do FMI. "É importante porque isso mostra que o Brasil é considerado um país sólido, tem contas sólidas. E em segundo lugar porque vamos estar contribuindo para viabilizar crédito para os países emergentes", disse.

O ministro explicou que o limite da cota do Brasil é US$ 4,5 bilhões, mas "não quer dizer que vamos colocar o dinheiro agora. Se o Fundo necessitar, vai nos solicitar e nós colocaremos até esse volume".

Título especial

Mantega disse que o Brasil poderá fazer ainda outro aporte quando o FMI montar um instrumento adequado que não afete também as reservas internacionais brasileiras. Ele explicou que o Fundo está preparando um título especial – bond – para disponibilizar para os países que querem fazer aporte ao FMI.

Esse é, de acordo com o ministro, o aporte que foi discutido na última reunião de cúpula do G-20. Segundo Mantega, os Estados Unidos, a China, Canadá e outros países querem fazer esse tipo de aporte e acrescentou: "O Brasil também fará esse aporte".

O valor não está definido e, por isso, Mantega não quis confirmar se o volume poderá chegar a US$ 10 bilhões, como chegou a ser aventado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro contou que conversou com o diretor gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, que lhe informou que, em duas ou três semanas, a elaboração desse título estará concluída. "Daí o Brasil decidirá quanto dinheiro nós vamos aportar. Esse título é outra coisa. Não tem nada a ver com o que estamos falando agora", disse, numa referência aos US$ 4,5 bilhões que o Brasil já se dispôs a emprestar ao FMI.

Emergentes

O ministro avalia que, indiretamente, ao fazer o aporte, o Brasil estará ajudando os países emergentes que estão em situação de dificuldade. "Não são os países avançados que estão precisando de ajuda. São os países emergentes", disse ele.

Segundo o ministro, ao ajudar os países emergentes e mais pobres, será bom também para o Brasil porque contribui para movimentar a economia desses países que poderão comprar mais produtos das empresas brasileiras. "É melhor para todo mundo", avaliou.

Mantega disse que os Estados Unidos, que são o país onde a crise nasceu, são os que têm mais reserva financeira e recebem mais fluxo de dinheiro. "Eles têm a maquininha de fazer dólares e têm fluxo que vai para lá", disse.

O ministro repetiu palavras do presidente Lula ao classificar de "chique" o fato de o Brasil emprestar dinheiro ao FMI.