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Três Lagoas

Crise na economia derruba ocupação de hotéis em Três Lagoas

Estagnação no setor industrial fez taxa de ocupação cair pela metade

A crise econômica que assolou o Brasil e, consequentemente, a estagnação no setor de negócios, fez com que o setor hoteleiro de Três Lagoas visse cair pela metade a taxa de ocupações de seus hotéis neste ano. O setor foi um dos mais aquecidos pelo processo acelerado de desenvolvimento econômico registrado no município, e chegava a registrar, até 2013, uma média de ocupação de leitos de 90% em dias úteis. No entanto, a situação reverteu-se neste ano.

De acordo com um empresário do ramo,Leonardo Rossignoli Konno, que possui dois hotéis na cidade, atualmente, o índice de ocupação dos hotéis em Três Lagoas não chega a 50%. Aos fins de semana, essa taxa não chega a 20%. A brusca queda no setor hoteleiro, explicou, deve-se a vários fatores. Entre eles, recessão na economia, Copa do Mundo, eleições e, no caso específico de Três Lagoas, a paralisação das obras da Fábrica de Fertilizantes da Petrobras. “Com a UFN-3 parada, empresários e funcionários deixaram de vir a Três Lagoas e, com isso, deixaram de permanecer nos hotéis. Além dela, não temos outras grandes obras em andamento”, disse.

Essa mesma queda foi sentida no empreendimento de Sandra Maria Vieira Yamamoto. De acordo com ela, a queda teve início com o término da Eldorado Brasil e foi piorando a cada mês. Hoje, no hotel dela, a taxa de ocupação obedece a mesma margem (50% na semana e 20% nos fins de semana, em média). “Está muito difícil para o setor hoteleiro e também para outros, os restaurantes, o comércio, todos estão sentindo. A gente precisa se mobilizar”.

REUNIÃO

O esboço dessa mobilização citada por Sandra aconteceu no começo desse mês, quando o assunto foi tema de uma reunião entre empresários do setor e representantes da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Três Lagoas. Um dos objetivos da reunião, explicou Konno, foi tentar unir a categoria e traçar planos para evitar que a crise se aumente. “O que a gente está propondo para a prefeitura é buscar formas de alavancar o turismo de lazer. Para melhorar a ocupação nos fins de semana, prospectar novos eventos como Motoshow, Torneio de Pesca, Motocross e assim por diante. Hoje, o turista de negócios não tem o que fazer no seu tempo ocioso. As nossas opções de lazer precisam ser estruturadas”, destacou.

Um dos pontos debatidos na reunião é o volume de hotéis hoje instalados na cidade. Conforme pesquisa realizada pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, de 2008 a 2013, Três Lagoas viu dobrar o número de hotéis instalados, passando de 13 para 26. Hoje, são mais de 30, segundo Konno, que estima uma média de 3,5 mil leitos disponibilizados. Ele explica que, se comparado com Campo Grande, a cidade tem três vezes mais leitos proporcionalmente. “A média é de mil leitos para cada 100 mil habitantes. Campo Grande tem pouco mais que o dobro que leitos que Três Lagoas, só que lá são 800 mil habitantes. Apenas neste ano, foram abertos três novos hotéis na cidade”.

NOVO CICLO

Fabrício Konno aposta na retomada das obras da UFN-3, assim como nos projetos de expansão das fábricas de celulose de Três Lagoas para reaquecer o setor, mas, mesmo assim, defende os investimentos no turismo de lazer como forma de diversificar a economia.

Já Joaquim Alves Nunes Filho aposta em uma terceira vertente: o turismo da saúde. Com a construção do Hospital Regional, o empresário acredita que a cidade passará a atrair pacientes e médicos de outras regiões, o que irá impactar no segmento turístico. Hoje, no hotel de Nunes, também fica abaixo dos 50%. “O hotel é a porta de entrada. É o primeiro setor a sentir os reflexos de uma crise. Quando ela chega, as pessoas deixam de viajar, seja a negócio ou a passeio. O comércio vem na sequência”, disse.

Para conter as despesas, o empresário teve que reduzir o quadro de funcionários pela metade. Hoje, grande parte da gestão do hotel está sob o comando dele e da esposa. “Além da baixa ocupação, tivemos que reduzir as diárias em 30%. Temos três vezes mais leitos que o normal. Logo, um leito terá que ficar vazio. Estamos disputando hóspedes, o que antes não acontecia”, destacou.

Mesmo assim, ele destaca que o turismo de lazer seria a última opção. Ele continua apostando no setor industrial e no de ensino e saúde para reaquecer o setor. “Três Lagoas é uma cidade de serviços. Tem que trazer mais indústrias”.