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Crise poderá gerar instabilidade política

economista-chefe do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID),  Eduardo Lora, alertou ontem (27) para o risco de instabilidade política na América Latina por causa da crise econômica e recomendou mais proteção social na região.


Em entrevista concedida na abertura da assembleia anual do BID, Lora fez a ressalva de que não crê que haja “uma erupção social que gere uma situação de instabilidade muito forte”.


Entretanto, o economista-chefe do BID teme que “a democracia se debilite, ou seja, que o debate político fique prejudicado, que haja espaço para o caudilhismo”.


Para Lora, pode haver instabilidade política quando as pessoas sentem “que estão desprotegidas, que o sistema político não responde a suas reivindicações”.


O economista citou indicadores do Latinobarómetro, estudo de opinião pública anual realizado em 18 países latino-americanos, os quais  demonstram que o respeito pela democracia diminui muito nos anos de
baixo crescimento econômico.


Para evitar que essa fragilidade resulte em instabilidade, Lora disse que a América Latina deve se concentrar em garantir a proteção social.


Além disso, o economista reconheceu que o maior desafio macroeconômico atualmente é o de implantar políticas fiscais sustentáveis.
O problema, segundo Lora, é a incerteza quanto à profundidade e à
duração da crise.


Segundo o economista-chefe do BID, caso a crise se estenda por três ou quatro anos, a maioria dos países pode “dar um tiro no pé” com um processo fiscal insustentável.


Além disso, Lora disse que os países da América Latina devem agir de forma diferente das nações desenvolvidas, cujo impacto é maior na economia mundial e têm o objetivo de tentar aumentar ao máximo o crescimento econômico e o comércio.


Para o economista, os países latino- americanos devem ser prudentes, fazendo uma “recomposição do gasto público direcionada para aquilo que tenha maior impacto social”.


Por fim, Lora alertou que a América Latina está pondo em jogo suas conquistas dos últimos 20 anos, período em que a região conseguiu uma estabilidade macroeconômica muito maior do que a que tinha antes.