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Delcídio não acredita que o país crescerá 1% neste ano

?Mas que as reservas fecharão positivas não tenho qualquer dúvida?, ressaltou o parlamentar

O senador Delcídio Amaral (PT-MS) disse hoje (11)  que o crescimento da economia de 1,9% no segundo trimestre em comparação com os três meses anteriores é uma demonstração clara de que o país deixa para trás os efeitos da crise financeira internacional. O petista, entretanto, não tem a mesma certeza quanto à expectativa de crescimento de 1% que o ministro lhe transmitiu nesta semana em reunião no Ministério da Fazenda.

“Mas que as reservas fecharão positivas não tenho qualquer dúvida”, ressaltou o parlamentar.

Delcídio Amaral destacou que apesar dos bons índices de recuperação o governo ainda terá desafios para manter a sustentabilidade desse crescimento em 2010. A seu ver, investimentos em infraestrutura com foco no setor de energia serão fundamentais para garantir uma retomada ainda mais forte do crescimento do PIB.

Especialista no setor, o petista considera que o Brasil é o país que tem hoje maior potencial de diversificar sua matriz energética com melhor aproveitamento de fontes renováveis. Ele citou, por exemplo o fato de o país ter 45% de sua fonte de geração de energia em hidrelétricas. É necessário, no entanto, garantir a integração de novas fontes, como a nuclear, para que se possa manter a capacidade de geração nos períodos de estiagem, quando a vazão dos rios é menor, ponderou o senador.

Para efetivar essas obras e integrar estas diversas fontes o governo terá que redobrar os esforços nas parcerias público-privadas (PPP). “O governo não tem dinheiro para bancar tudo isso sozinho. Esse é um tremendo instrumento”, destacou.

O presidente da Comissão de Acompanhamento da Crise Financeira e da Empregabilidade do Senado, Francisco Dornelles (PP-RJ) destacou que o resultado do PIB no segundo trimestre é resultado das políticas públicas adotadas pelo governo para diminuir os efeitos da recessão mundial. Destacou, por exemplo, a redução dos impostos, da taxa de juros e dos spreads bancário, além da ampliação do crédito.

O senador advertiu que ainda é cedo para a equipe econômica pensar em acabar com incentivos concedidos no início da crise como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para o setor automobilístico.


“O governo tem que continuar com a política de redução de impostos. Ele não deve se precipitar e retomar os percentuais anteriores a crise mundial. É importante que se mantenha esta política para que o crescimento seja continuado”, afirmou o parlamentar.

O presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), comemorou esses novos indicativos. O tucano afirmou no entanto que trata-se de “um efeito mundial e não apenas local”. Guerra também alertou que o Executivo precisa atentar para os seus gastos fiscais que, segundo ele, aumenta a cada dia.

“O quadro fiscal se complica. Agora, o que vai complicar mesmo são os compromissos futuros assumidos pelo presidente Lula, para 2010 e 2011, que joga essa fatura para o próximo governo. Todos os componentes da área fiscal se reproduzirão a partir de 2011. O governo está engessando para a frente”, disse o presidente do PSDB.

O líder do PDT, Osmar Dias (PR), também apontou alguns desafios básicos que o governo terá que enfrentar no ano que vem para manter o crescimento. Manter a regularidade da irrigação do crédito, preservar por mais tempo alguns incentivos concedidos na fase aguda da crise mundial e cumprir a política de preços mínimos para que não seja reduzida a área de plantio são fundamentais de acordo com o pedetista.

Osmar Dias destacou que qualquer redução no setor agrícola fatalmente vai repercutir num aumento da inflação em 2010 puxado pelo preço dos alimentos. O parlamentar afirmou que agricultores que plantaram milho, trigo e feijão, por exemplo, já estão vendendo suas colheitas por valores menores que o preço mínimo garantido pelo governo.