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Dólar fecha em alta a R$ 2,284 com tombo das bolsas

O ajuste mais forte ocorreu na última hora de negócios em sintonia com o movimento de venda de ações na Bovespa

Após cair 3,78% nas cinco sessões anteriores, o dólar no mercado à vista foi negociado em alta nesta terça-feira e fechou na cotação máxima do dia, de R$ 2,284 (alta de 2,10%) no mercado interbancário de câmbio e de R$ 2,283 (alta de 2,06%) na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). O ajuste mais forte ocorreu na última hora de negócios em sintonia com o movimento de venda de ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que acompanhou a deterioração das bolsas norte-americanas.

Às 17h15, o índice Bovespa caía 2,43%, aos 41.076 pontos. Em Nova York, o índice Dow Jones perdia 4,32%; o Nasdaq, -3,79%; e o S&P 500, -4,59%.

Para o economista Walter Mundell, da Walter Mundell Consultores, o mercado "realizou lucros no fato, uma vez que as bolsas haviam subido recentemente e o dólar à vista recuado, em meio às expectativas de anúncio do plano de socorro aos bancos e da aprovação pelo Senado do pacote de estímulo à economia dos EUA, ambos realizados esta tarde". Segundo ele, o plano de ajuda ao setor financeiro nos EUA não veio como o mercado esperava, porque as condições de acesso dos bancos em dificuldades aos recursos federais, agora, vão ser mais duras do que o mercado contava. "Antes, na avaliação dos pedidos de ajuda feitos ao Tesouro, prevalecia a máxima de mercado de que se o banco é grande não poderia quebrar e o governo ajudava com recursos. Agora, antes de o governo federal injetar dinheiro, vai fazer simulações de estresse, será mais criterioso." Por isso, avalia, os investidores não gostaram e embolsaram os ganhos recentes.

De modo geral, os operadores consultados atribuíram o mal-estar nos mercados à falta de detalhes sobre como as medidas do pacote de ajuda aos bancos serão implementadas. "Não se sabe, por exemplo, como será formado o fundo que vai adquirir os ativos tóxicos dos bancos", disse um profissional.

O secretário Timothy Geithner anunciou que o Tesouro e outras agências federais dos EUA farão uma parceria com o capital privado para criar um fundo para os ativos problemáticos dos bancos, que originará até US$ 1 trilhão em capacidade de financiamento. Separadamente, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) anunciou que vai expandir um programa para apoiar o crédito ao consumidor para até US$ 1 trilhão. O programa tem o objetivo de tentar estabilizar o sistema financeiro dos EUA com uma injeção de capital nos bancos, uma ajuda para que sejam determinados os preços dos ativos tóxicos que pesam sobre os balanços dos bancos e uma ajuda para reduzir as execuções de hipotecas, de acordo com informações da agência Dow Jones.

Pouco depois desse anúncio, o Senado dos EUA aprovou, por 61 votos a favor e 37 votos contrários, sua versão do pacote de estímulo econômico de US$ 838 bilhões, com a ajuda de três republicanos moderados. O pacote é composto por medidas de corte de impostos, investimentos de projetos de infraestrutura e ajuda para os governos estaduais em dificuldades. Agora, os membros da Câmara e do Senado vão se reunir para conciliar as consideráveis diferenças entre as duas versões do pacote de estímulo, com a meta de ambos os lados finalizarem a legislação dentro de uma semana para que possa seguir para a sanção do presidente Barack Obama, segundo a Dow Jones.