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Recuperação

'Estamos recuperando o turismo de MS', diz presidente da Fundtur

Setor foi um dos mais afetados pela retrições impostas durante o período mais crítico da pandemia da Covid-19

O presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul, Bruno Wendling - CBN
O presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul, Bruno Wendling - CBN

Pesquisa sobre turismo realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2019 e 2021, mostra que no Estado, 34,4% das pessoas não têm viajado por falta de dinheiro. Além disso, o carro foi o principal meio de transporte utilizado em viagens familiares, por sair mais barato que as demais opções. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD), realizada pelo IBGE, em parceria com o Ministério do Turismo, foi divulgada na última quarta-feira (6).

O objetivo principal do levantamento é quantificar os fluxos de turistas nacionais entre as diferentes regiões do País e para o exterior. Conforme os resultados, em Mato Grosso do Sul, em 2021, 131 mil (14,2 %) dos domicílios entrevistados relataram ter realizado ao menos alguma viagem. Em 2020, esse resultado foi de 153 mil (16,5%). Já no ano de 2019, este percentual havia sido de 21,8%.

Em entrevista à rádio CBN – Campo Grande, o presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul, Bruno Wendling , afirmou que, essa pesquisa, reflete o cenário durante as restrições impostas pela pandemia de Covid-19. Porém, o Estado já mostra sinais de recuperação neste ano. 

Qual o cenário atual do turismo em MS?

BRUNO WENDLING  Já no segundo semestre do ano passado conseguimos analisar que aumentou o número de turistas em Mato Grosso do Sul. Se olharmos os números de embarques e desembarques no aeroporto de Campo Grande, por exemplo, dá para notar que houve um aumento grande, se compararmos a 2020. Também houve alta em visitações na Serra da Bodoquena, em Bonito e, claro, no Pantanal. Se compararmos com os números gerais do Brasil, nós tivemos crescimento. 

Mato Grosso do Sul não aparece entre os destinos mais procurados do Brasil pelos turistas. Como a gente pode interpretar esse fato?

WENDLING – O posicionamento do nosso Estado no mapa  brasileiro faz com que nós sejamos identificados como um destino especializado, ou seja, de natureza. Não somos um destino de massa. Portanto, dificilmente seremos inseridos nos destinos de maiores visitações. Caso o próprio paulistano visite os pontos turísticos de São Paulo, ele já  baterá recordes de visitação, pois é a cidade mais populosa da América do Sul e uma das maiores do mundo. Além dele, os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia, também têm essa característica. Coincidentemente, os entes federativos mais populosos do país. Nós temos 1 milhão de visitantes de fora do Estado no ano. Uma praia carioca tem esse número de pessoas em um único final de semana. Portanto, nós somos um tipo de turismo segmentado, não de manada. Essa lista não me deixa triste, pois nosso desafio é aumentar o número de leitos ocupados e ticket médio gasto pelo visitante. Precisamos de gente que gaste mais e fique um tempo maior.

Seria o momento de atrair mais turistas de fora do Estado para Mato Grosso do Sul?

WENDLING – Na verdade a gente atua em três frentes, desde o turismo regional – que tomou bastante força durante a pandemia -, pois os sul-mato-grossenses mudaram a cabeça, pois se dizia que era caro visitar nos pontos turísticos. Bonito, por exemplo, é um destino que tem preços dos mais variados, com promoções diversas e está comprovado que cabe em diversos bolsos. Já em relação ao turismo nacional, com campanhas televisivas, mas de forma segmentada, com públicos alvos determinados. Por fim, o turismo internacional também, porque somos um destino também para os estrangeiros, principalmente o Pantanal. As pousadas instaladas nele antes da pandemia eram ocupadas em 70% por estrangeiros, mas o sul-mato-grossense está descobrindo e o brasileiro também, ainda mais com a novela em rede nacional e no maior canal de televisão brasileiro. Portanto, nós conseguimos dosar isso, pois temos estratégias para esses públicos, segmentando eles.

O Estado tem mais estrangeiros como turistas ou mais brasileiros? 

WENDLING – Não, a maior parcela ainda continua sendo de brasileiros, pois 80%, é de turistas do Brasil. Já o restante, 20%, são de pessoas de fora do país e mais focados no Pantanal. O que nós queremos, conhecendo nosso público, é diluí-lo ao longo do ano, pois na alta temporada já temos procura, porém ela cai nos meses que não são férias escolares, por exemplo. Voltando aos números, a procura está sendo maior, pois no segundo semestre do ano passado batemos recordes de visitação e ocupação de leitos, anterior à pandemia. Em Bonito, maio deste ano foi melhor do que o mesmo período de 2019. 

O que  fazer para aumentar a demanda de público na baixa temporada?

WENDLING – Além das publicidades em rádio, tv, jornais, também investimos em participação de eventos e congresso do setor. Acabamos de participar do Panrotas, uma das melhores publicações brasileiras que aborda o turismo. Saímos com destaque nesse evento, pois gerou muito interesse dos empresários do setor de viagem. Nós fomos o maior apoiador do evento e abrimos ele com Gabriel Sater, sabendo de todo o apelo que a novela Pantanal iria ter para divulgar nosso Estado. Portanto, a marca: “Isto é Mato Grosso do Sul”, ficou em evidência no congresso. Agora iremos participar de um Fórum LGBTQIA+, pois também queremos atrair esse público, para mudar a imagem do nosso Estado para eles e isso já tem tido resultado, pois aumentou muita procura e a visitação aqui desse público. Estamos investindo também em “Road Show”. O que isso significa, nós montamos um evento onde levamos empresários de Mato Grosso do Sul para apresentar seus empreendimentos a empresários das agências de turismo. O último que fizemos foi na região de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Ou seja, nada mais é que uma rodada de negócios. Já no mês passado, no Rio de Janeiro, nos reunimos com 40 operadores que fazem contato com agências internacionais. Todo esse trabalho reforça nossa imagem e estimula o setor a investir em mais produtos. 

Quem é o nosso turista, e quanto ele costuma gastar em média?

WENDLING Nosso Estado não possui um perfil de turista único, mas sim variado. Nossa campanha mais recente se chama “Desbravador de destinos”, pois ela pretende identificar qual o perfil desse possível visitante. A partir daí, nós podemos desenvolver produtos que atendam a cada um deles. Portanto, hoje a gente consegue trabalhar com casais, negócios,LGBT, sozinho, gastronômico, entre outros. Esses destinos podem receber todos esses públicos, basta nós termos como atendê-los. Em Bonito, eu tenho esses perfis de público. Uma novidade, é que possuímos um canal da melhor idade e desenvolvemos turismo de aventura para eles, para quebrar o estereótipo de quem eles não consomem esse tipo de produto. Eles podem fazer rapel, flutuação, entre outros.

De quais estados e países os vistantes mais tem visitado Mato Grosso do Sul?

WENDLING Nacional: São Paulo – que é o principal mercado emissor – Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná. Já no exterior, a maioria dos turistas vem dos Estados Unidos, Alemanha e Inglaterra. No mês passado desenvolvemos um Road Show nos Estado Unidos, exatamente para atrair ainda mais esse público, que tem o foco no Pantanal. Porém, pode visitar e conhecer outros destinos.