A receita nominal das exportações de produtos industrializados de Mato Grosso do Sul no ano passado apresentou um crescimento de 33,6% em relação a 2007, alcançando US$ 401,7 milhões, segundo levantamento feito pelo Radar Industrial da Fiems – Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul. Em termos reais, conforme o levantamento, em 2008 as receitas provenientes das exportações de produtos industrializados do Estado apresentaram um crescimento de 34,3% sobre 2007, enquanto em volume Mato Grosso do Sul exportou o equivalente a 715,7 mil toneladas, o que significou uma expansão de 18,1% sobre 2007, quando foram remetidos ao exterior 605,8 mil toneladas.
Ainda de acordo com o Radar Industrial, no ano passado foram remetidos ao exterior 110 mil toneladas de produtos industrializados a mais que em 2007 e, em relação à receita, na mesma comparação, o incremento nominal foi de US$ 101,1 milhões. As exportações de produtos industrializados de Mato Grosso do Sul apresenta, como característica sazonal, uma elevação que vai de março a agosto, mês em que é alcançado o maior nível. Deste ponto em diante, as vendas ao exterior se desaceleram, apresentando entre alguns meses pequenas oscilações.
Entretanto, conforme análise do Radar, chama atenção a forte desaceleração ocorrida no último trimestre de 2008, algo que pode ser atribuído ao agravamento dos efeitos da crise internacional sobre a economia brasileira e sul-mato-grossense. Contudo, mesmo com a desaceleração ocorrida no último trimestre, o resultado das exportações de produtos industrializados em 2008 ratifica o processo de fortalecimento das vendas externas das indústrias de Mato Grosso do Sul, já que no último triênio (2006-08), contra igual período imediatamente anterior (2003-005), as vendas de produtos industrializados de Mato Grosso do Sul apresentou um crescimento real de 30,4%.
No mês de dezembro do ano passado, as receitas nominais provenientes das exportações de produtos industrializados alcançaram US$ 14,1 milhões, o que representa uma redução nominal de 34,1% sobre igual mês do ano anterior. Em termos reais, no mês de dezembro as receitas provenientes das exportações de produtos industrializados do Estado apresentaram uma redução real de 29,5% sobre igual mês de 2007, enquanto em relação ao mês anterior, as receitas provenientes das exportações apresentaram uma queda real de 42,5% e, em relação ao volume, as exportações em dezembro alcançaram 32,5 mil toneladas, o que representa uma redução de 30,6% sobre igual mês do ano anterior.
Principais produtos
Os principais produtos industrializados da pauta de exportação de Mato Grosso do Sul são: couros e peles, siderurgia básica, óleos de soja bruto e refinado, açúcar e álcool, compensados de madeira, móveis de madeira e madeiras trabalhadas, alimentos e bebidas, cimentos e têxtil, confecção e vestuário. Com destaque para os couros e peles, cuja receita de exportação do grupo foi de US$ 101,9 milhões em 2008 e o principal destino foi a Itália, que absorveu 49,5% da receita total do grupo ou US$ 50,5 milhões.
Outro que merece destaque é a siderurgia básica, que obteve receita de exportação de US$ 76,1 milhões, tendo como principal destino os Estados Unidos, que respondeu por 88% da receita total do grupo ou US$ 66,9 milhões, enquanto o grupo óleos de soja bruto e refinado obteve receita de exportação do de US$ 68,3 milhões e o principal destino foi a China com 23,2% da receita total do grupo ou US$ 15,8 milhões, Índia com 11,6% ou US$ 7,9 milhões e Irã com 9,2% ou US$ 6,3 milhões.
Em relação a 2007, os grupos de produtos industrializados que compõem a pauta de exportação de Mato Grosso do Sul, não apresentaram, em geral, grandes alterações. A participação relativa dos grupos no total das vendas externas de bens industrializados permaneceu estável. Adicionalmente, se verificou o mesmo comportamento em relação aos principais destinos. Exceção deve ser feita exclusivamente aos grupos couros e peles e siderurgia básica. No caso do primeiro houve uma perda relativa na participação sobre as exportações totais de produtos industrializados. Entre 2007 e 2008 o grupo apresentou uma redução nominal de US$ 27,9 milhões, com isso a participação caiu dos 43,2% para 25,4%.
A queda foi motivada, principalmente, por conta redução da demanda asiática pelo produto. Tanto que em 2007, ao contrário de 2008, o principal destino não era Europa, mais precisamente a Itália, e sim a China que foi responsável naquele ano por 39% das compras de couros e peles de Mato Grosso do Sul, na seqüência aparecia a Itália com 35% e em terceiro lugar Hong Kong com 9,82%. Já em 2008, as vendas para a China apresentaram uma redução nominal de US$ 18 milhões. Somado ao fato de Hong Kong ter deixado de figurar entre os principais destinos do produto. Contudo, apesar da perda relativa, o grupo segue com o primeiro lugar das exportações de bens industrializados.
Quanto ao segundo grupo, siderurgia básica, saltou da menor participação em 2007 com 0,5% do total para a segunda maior participação relativa em 2008 com 18,9%. Constatou-se que as vendas externas do principal produto do grupo, ferro fundido bruto não ligado, iniciaram-se apenas em dezembro de 2007, até então não haviam sido registradas vendas externas deste produto por Mato Grosso do Sul.
Importações
Segundo o Radar Industrial, as importações de bens de capital e bens intermediários – insumos industriais realizadas em 2008 com o objetivo de expansão da capacidade produtiva (aquisição de bens de capital) apresentaram um aumento real de 150,9%, saindo de US$ 36,6 milhões em valores reais no ano de 2007 para US$ 91,8 milhões em 2008. Com relação aos bens intermediários (insumos industriais), verifica-se que em 2008 a importação de tais produtos teve um aumento real de 40,1% em relação a 2007, saindo de US$ 524,5 milhões para US$ 734,8 milhões em valores reais.
Todavia, os números apresentados acima escondem um ponto de inflexão que ocorreu no último trimestre de 2008. Até o mês de setembro, as importações de bens de capital, que são o reflexo direto dos investimentos e que, portanto, indicam a expansão da capacidade produtiva e a existência de expectativas otimistas quanto ao futuro, apresentava uma expansão 47,7 pontos percentuais superior àquela que fechou o ano de 2008. Até aquele mês a expansão real deste tipo de importação havia sido de 198,6% sobre igual período de 2007, com crescimento de 11,3 pontos percentuais sobre o mês imediatamente anterior, no entanto, quando o ano de 2008 é encerrado a taxa de crescimento real verificada sobre o ano de 2007 ficou em 150,9%, o que significa uma forte reversão no ritmo de investimentos do setor industrial de Mato Grosso do Sul.
Comportamento semelhante ocorreu também na importação de insumos industriais. Todavia a reversão foi bem menor, uma vez que a importação destes produtos é para o uso imediato na produção, não refletindo, portanto, como no caso da importação de bens de capital na ampliação da capacidade produtiva futura. Em todo caso, a redução no ritmo da expansão das compras de insumos industriais em relação ao que se verificava até setembro de 2008, contra igual período do ano anterior, foi da ordem de 8,4 pontos percentuais.
Segundo o Radar, isso que significa que no último trimestre de 2008 as indústrias de Mato Grosso do Sul reduziram a compra de insumos para processamento, refletindo deste modo, uma desaceleração no ritmo de suas atividades no último trimestre de 2008, algo que de certo modo é comum nesta época do ano para a indústria. Todavia, o que realmente preocupa é que tal comportamento, esperado por conta de fatores sazonais, desta vez vem acompanhado de sinalizações pouco otimistas para o futuro imediato, como indicada pela freada ocorrida na compra de bens de capital no último trimestre de 2008.
