‘Fazer apontamentos das contas ajuda a economizar’, diz economista e professor

A Semana Nacional de Educação Financeira acontece de 20 a 26 de maio. Nesta semana, várias entidades realizaram palestras, cursos e oficinas para tratar do tema com maior atenção. Para o economista e professor da UFMS – Campus de Três Lagoas, Marçal Rogério Rizzo, a semana ocorre em boa hora já que parcela considerável da população brasileira recebe seus salários e logo gasta tudo.

Contudo, muitos quando questionados sobre onde e quanto gastaram, não sabem responder. Até mesmo as parcelas de compras a prazo são uma verdadeira “caixa preta”. Se questionados sobre se há metas para seu dinheirinho as respostas são mais evasivas ainda. Isso revela o descontrole que existe sobre as finanças pessoais. O economista dá dicas de como podemos monitorar nossas contas para não perdermos o controle sobre elas.

Jornal do Povo – O senhor acredita que ações como essa dessa Semana são válidas na vida financeira do brasileiro?
Marçal Rogério Rizzo – Perfeitamente. Tratar de dinheiro, de contas pessoais no Brasil é muito válido até porque ainda temos medo de falar desse assunto. Em muitos casos nem mesmo em casa falamos de nossas contas. É um temor entrar neste campo. A educação financeira se faz necessária sempre. Não temos cultura de nos educar financeiramente. Não fazemos um raio x de nossas contas, mas é necessário.

JP – Como se pode conhecer, ou seja, fazer um raio x das contas pessoais?
Marçal – Quando falamos de contas pessoais estamos tratando do que ganhamos e gastamos, ou seja, as entradas e saídas de dinheiro da conta de cada um. Fazer um raio x das contas pessoais nada mais é do que ter conhecimento exato de quanto ganha, e onde gasta. Um erro comum para os assalariados é fazer a conta de quanto ganha em cima do salário bruto. O correto é fazer sobre o salário líquido, pois é o que está acessível para ser utilizado. Agora quando falamos em raio x dos gastos é ter anotado todas as despesas detalhadamente para serem avaliadas e ver o que deve e pode ser mudado.

JP – O que seria metas nas contas pessoais?
Marçal – Metas nas contas pessoais seria onde a pessoa quer chegar com seu dinheiro. O que quer fazer com ele. Aqui pode ser os sonhos materiais que as pessoas possuem, seja um carro, uma casa, um aparelho novo de celular ou uma viagem. Temos que entender que o dinheiro é um meio e que o sonho ou a meta é o fim. Metas podem ser criadas a curto, médio e longo prazos. Isso vai depender de cada um. Quando tratamos de diagnosticar nossas contas é sempre priorizando a melhoria e, claro, a possibilidade de atender as metas ou os sonhos que são traçados.

JP – Por que esse diagnóstico das contas pessoais e definir metas podem evitar que entramos no vermelho?
Marçal – Basta pensar no onde estamos (que seria o diagnóstico) e no onde queremos chegar (que seria as metas ou os sonhos). Isso já impediria de seguirmos por caminhos errados. Em outras palavras impediria de gastarmos nosso dinheiro em coisas que estariam fora de nossas prioridades.

JP – Essas anotações dos gastos devem ser feitas todos os meses?
Marçal – Não é necessário. Imagine ficar anotando todas as despesas diárias mensalmente. Seria algo chato de se fazer. O ideal é anotar, ter esse raio x, ver o que deve e pode ser mudado, agir, ou seja, fazer as mudanças alinhando com a meta traçada, que aqui normalmente se trata de economizar ou otimizar seu dinheiro e seguir a vida normalmente. Certamente você verá que algo pode ser mudado em suas contas pessoais e que suas metas podem ser atingidas.

JP – No campo das contas pessoais sonhar é necessário?
Marçal – Sim, sempre! O sonho pode ser o combustível, o fator estimulante para a melhoria tanto dos ganhos quanto dos gastos de cada um.