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Fluxo de refugiados brasiguaios aumenta tensão na fronteira

Todos os dias, pelo menos uma pessoa é atropelada no local

Dezenas de famílias de fazendeiros brasiguaios estão sendo expulsas do Paraguai e voltando para o Brasil apenas com a roupa do corpo. A denúncia foi feita ontem pela prefeita de Naviraí (MS), Sandra Cassone (PT). De acordo com ela, as margens da rodovia BR-163 foram transformadas em uma cidade de lona plástica. Com o fluxo repentino de cerca de 1.600 pessoas do país vizinho na última semana, já são 3 mil famílias acampadas na região. Terei de decretar estado de emergência disse Sandra.

Segundo ela, o município não tem condição de atender tamanho contingente de flagelados da crise paraguaia. São pessoas famintas e doentes, que recebem apoio apenas dos trabalhadores sem-terra, acampados nas proximidades das cidades de Naviraí e Itaquiraí, para armar barracas e se acomodarem.

Ao longo dos anos, muitos brasileiros constituíram lavouras, rebanhos de gado bovinos e até criação de peixes do lado paraguaio, mas estão sendo expulsos por bandos de homens armados. Quando eles chegam, não existe apelação. É sair da terra e ir embora, explicou um dos acampados, pelo celular do acampamento.

O problema do fluxo de refugiados se agravou nos últimos dez dias em razão da pressão que os brasiguaios vêm sofrendo no Paraguai para desocuparem as lavouras.

O aumento inesperado de pessoas acampadas tem causado sérios problemas para os moradores das cidades do lado brasileiro da fronteira. Os acampados também sofrem, principalmente por causa da segurança, já que a maioria vive à beira da estrada.

Todos os dias, pelo menos uma pessoa é atropelada no local. O tráfego de cargas é intenso e, geralmente, as carretas não têm frenagem rápida. Só este mês, aqui na BR-163, contamos 30 ocorrências desse tipo, afirmou um dos líderes do acampamento, que se identificou apenas como Edeval.

Protestos. Os atropelamentos motivaram alguns protestos e membros do MST chegaram a fechar a BR-163, reivindicando a instalação de redutores de velocidade em frente ao local onde funciona uma escola e a coordenação do acampamento.

A maioria dos agricultores acampados reclama da ausência de um esquema de distribuição de cestas básicas, que antes era feito pelo Estado. A distribuição foi interrompida por decisão do governo estadual.

Edeval explicou que muitas crianças e adultos no acampamento estão precisando de tratamento médico em caráter de urgência, já que não estão sendo atendidas pelas prefeituras da região. / J.N.O.