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MS aumenta volume de exportações de industrializados

A forte desvalorização do real frente ao dólar fez com que os produtos brasileiros passassem a ser mais baratos

O volume de exportações de produtos industrializados de Mato Grosso do Sul apresentou aumento de 65,3% na comparação de março deste ano com o mesmo período do ano passado, passando de 35,1 mil toneladas para 57,9 mil toneladas, enquanto a receita no mesmo período teve redução de 12,89%, caindo de US$ 22,1 milhões para US$ 21 milhões, segundo levantamento do Radar Industrial da Fiems. No mês passado, foram remetidos ao exterior 22,9 mil toneladas de produtos industrializados a mais em relação a março de 2008, enquanto, em relação à receita, na mesma comparação, a redução nominal foi de US$ 997 mil.

De acordo análise do Radar Industrial, a forte desvalorização do real frente ao dólar fez com que os produtos brasileiros passassem a ser mais baratos e, por consequência, competitivos quando cotados na moeda americana, referência para as transações comerciais. “Em condições normais, o menor volume de dólares requerido para a aquisição dos produtos industrializados sul-mato-grossenses seria compensado pelo aumento no volume das vendas em função do barateamento ocorrido. No entanto, a compensação esperada por meio da expansão do volume exportado não parece ocorrer na medida necessária para tornar as receitas crescentes no atual cenário, marcado por forte retração na demanda mundial com consequências sobre os fluxos comerciais”, apontou.

Pelo levantamento, em março, os grupos de produtos industrializados que compõem a pauta de Mato Grosso do Sul apresentaram, na maioria, acentuada reversão quando comparados com correspondente período de 2008. O desempenho ocorrido representa uma evolução positiva em relação ao mês de fevereiro, quando apenas dois dos nove grupos haviam apresentado crescimento das receitas de exportação. Em março, esse número passou para quatro, mas, ainda assim, no geral, houve retração nas receitas obtidas com as vendas externas dos industrializados sul-mato-grossenses quando comparado com igual período do ano anterior.

Os grupos que apresentaram desempenho positivo foram açúcar e álcool (US$ 8,4 milhões), siderurgia básica (US$ 3,4 milhões), alimentos e bebidas (US$ 2,6 milhões) e cimentos (US$ 714,3 mil). No caso do grupo de siderurgia básica, em março, a receita nominal foi 33,9% maior, comparado com igual mês de 2008, saltando de US$ 2,5 milhões para US$ 3,4 milhões, entretanto, o resultado do primeiro trimestre de 2009 indica que os valores obtidos com as vendas destes produtos alcançaram o equivalente a US$ 12,7 milhões contra

US$ 15,9 milhões em igual período de 2008, redução nominal de 20,13%.

Ainda conforme o Radar Industrial, o aumento ocorrido no último mês pode estar vinculado, possivelmente, a uma recomposição dos estoques dos importadores, dado que em janeiro não foram registradas vendas de produtos que compõem o grupo. Para em seguida nos meses de fevereiro e março as exportações alcançarem patamares semelhantes a correspondentes meses de 2008. No caso do grupo açúcar e álcool, constatou-se que as vendas de etanol passaram a figurar como principal item, diferentemente dos meses anteriores, quando o açúcar ocupava o posto de principal produto do grupo. A causa dessa mudança esta vinculada às importações realizadas por Holanda e Inglaterra, US$ 2,4 milhões e US$ 2,03 milhões, respectivamente.

Quanto ao açúcar, o principal importador continua sendo a Índia (US$ 2,01 milhões). Neste caso, as vendas do produto tendem a continuar crescentes influenciadas pela menor oferta mundial do produto como indicado nos boletins anteriores. As exportações do grupo Alimentos e bebidas foram influenciadas, principalmente, pela ampliação das vendas de enchidos de carne, que gerou uma receita adicional de US$ 919,3 mil, como também, pelo aumento do número de itens exportados.

Em março de 2008 tinham sido exportados 18 produtos, já em igual mês de 2009 foram 46, incremento de 28 itens na pauta, gerando uma receita adicional de US$ 304,4 mil. No caso do grupo cimentos, o aumento das receitas de exportação está vinculadas não somente ao aumento da demanda dos importadores, no caso Bolívia e Paraguai, como também pelo aumento dos preços dos cimentos não pulverizados e cimentos comuns, que apresentaram uma elevação de 24% e 47%, respectivamente.

Importações

Em março, igualmente aos meses anteriores, verificou-se uma forte expansão das importações de bens de capital em Mato Grosso do Sul, de acordo com o levantamento do Radar da Fiems. Desta vez, o crescimento foi o maior do trimestre, alcançando o equivalente a 22,8 vezes o valor importado desta categoria de produtos, quando comparado com igual mês de 2008. Foram US$ 51,6 milhões contra US$ 2,26 milhões. Em relação ao mês anterior houve um crescimento nominal equivalente a 114,6%, quando foram importados US$ 24,03 milhões.

As importações observadas neste trimestre, já totalizam o equivalente a US$ 96,35 milhões, representando um crescimento nominal de 685,7% sobre igual período de 2008 quando haviam sido importados US$ 12,26 milhões em bens de capital. O desempenho observado pode ser atribuído ao amadurecimento dos investimentos realizados nos últimos anos, em especial no setor de papel e celulose. Entre os principais bens de capital importados no período destacam-se não só máquinas e equipamentos adquiridos para uso direto na fabricação de papel e celulose como: cortadeiras de pasta de papel, papel ou cartão (US$ 21,1 milhões); máquinas e aparelhos para a fabricação de pasta de material celulósico (US$ 5,8 milhões) e máquinas e aparelhos para trabalhar madeira (US$ 5,3 milhões).

Como também demais maquinários e equipamentos para uso acessório e que podem ser atribuídos a este empreendimento, como máquinas e aparelhos para empacotar e embalar mercadorias (US$ 14,7 milhões), aparelhos auxiliares para caldeira a vapor (US$ 6,3 milhões) e laminados de ferro/aço para revestimento (US$ 8,4 milhões). Assim, do total importado em bens de capital no primeiro trimestre de 2009, que coincide com o inicio da operação do empreendimento em questão, o equivalente a 63,9% do total ou US$ 61,6 milhões guardam alguma relação com os investimentos realizados recentemente no setor de papel e celulose em Mato Grosso do Sul.

Por outro lado, a aquisição de insumos industriais ao longo do primeiro trimestre de 2009 vem apresentando reduções quando comparados com os correspondentes meses de 2008. Em janeiro, fevereiro e março a queda nominal foi de 58,8%, 52,8% e 32,1%, respectivamente. No entanto, a queda na aquisição de insumos industriais começa a sinalizar uma possível reversão, não só pela redução observada no ritmo apresentado, como também pelo crescimento nominal de 27,4% na aquisição deste tipo de produto no mês de março deste ano em relação ao mês imediatamente anterior. Foram US$ 28,2 milhões contra US$ 22,1 milhões.

O resultado pode sugerir o início de uma acomodação em relação ao período de inflexão que vinha ocorrendo, porém o ajuste de qualquer forma será inevitável dada à forte desvalorização do real frente ao dólar em menos de seis meses, somado aos impactos que começam a ocorrer sobre a demanda interna.