Veículos de Comunicação

4

Organização de países ricos eleva previsão de crescimento do Brasil para 2010 e 2011

OCDE espera crescimento de 6,5% para PIB brasileiro neste ano e alerta sobre inflação

A economia brasileira vem mostrando uma capacidade de recuperação maior que a esperada há alguns meses, e com isso deve crescer 6,5% em 2010 e 5% em 2011, segundo estimativas publicadas nesta quarta-feira (26) pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), em seu relatório semestral de perspectivas.

Segundo analistas, esse ritmo de crescimento pode levar a um superaquecimento da economia. Isso se traduziria em descontrole da inflação, o que exigiria do Banco Central uma ação maior sobre juros.

Nos dois cenários o brasileiro sairia prejudicado: uma inflação em disparada anularia os ganhos de renda do trabalhador e poderia levar a um cenário já vivido pelo país há alguns anos – reajustes de preços, desabastecimento de produtos, entre outros efeitos. Já juros mais altos tornariam mais caros tanto o consumo doméstico como os financiamentos de empresas, o que afetaria os lucros de empresas e levaria a demissões. No limite, isso causaria uma forte desaceleração no PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas por um país).

Entre as principais razões para a melhoria estão, segundo a OCDE a política monetária e os estímulos fiscais que favoreceram os investimentos e o consumo privado, o que ocasionou, por exemplo, um aumento das importações. O país também se beneficiou da participação no ciclo de reconstituição de reservas das empresas e da alta dos preços das matérias-primas que exporta, como o minério de ferro.

Na previsão divulgada em novembro do ano passado, a expectativa para 2010 era de 4,8%, enquanto para 2011 era de 4,5%. Embora a economia brasileira tenha caído 0,2% em 2009, a economia ganhou impulso a partir do segundo semestre, e o PIB em termos reais já estava acima do nível anterior à crise, destaca a OCDE.

Consumo

Segundo os autores do relatório, os últimos indicadores confirmam a ideia de que o consumo interno é o fator que vem aquecendo a economia brasileira neste primeiro semestre. A OCDE calcula que o Brasil atingirá um excedente de 3,3% em sua arrecadação. O aumento da receita com impostos também levará a uma redução do endividamento público.

A organização adverte, no entanto, para o peso do gasto público recorrente sobre o orçamento a longo prazo, e por isso afirma que as autoridades brasileiras devem retirar "rapidamente" os estímulos iniciados para enfrentar a crise.

– O anúncio de cortes na despesa de um total equivalente a 1% do PIB no orçamento de 2010 é um passo nessa direção.

Embora alguns estímulos fiscais já tenham sido eliminados, a OCDE avalia que certas medidas de estímulo vão seguir em vigor até as eleições presidenciais de outubro. Os autores do relatório, embora admitam que a retirada dessas medidas possa desacelerar o consumo privado, insistem que este será um efeito "temporário".

Inflação

A OCDE constata que a forte recuperação econômica fez emergir pressões inflacionárias, e que a evolução dos preços, em termos anualizados, está acima da meta estabelecida pelo Banco Central. No entanto, a organização considera que a inflação atingiu um pico e se encontra em uma "faixa de tolerância" que não complica a política monetária. A organização calcula que o índice de preços ao consumidor, após ter se situado em uma média de 4,3% em 2009, vai subir a 6,2% em 2010, para situar-se em 5% em 2011.

A organização é formada por: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Coreia do Sul, Dinamarca, Eslováquia, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Islândia, Irlanda, Itália, Japão, Luxemburgo, México, Noruega, Nova Zelândia, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Suécia, Suíça e Turquia.

No dia 15 de dezembro do ano passado a organização formalizou o convite para que o Chile se torne seu 31º membro. Após o convite, ficaram na fila para entrar no grupo: Eslovênia, Estônia, Israel e Rússia. A OCDE ainda acompanha a evolução das economias de Brasil, China, Índia, Indonésia e África do Sul.