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Por que TL foi escolhida para sediar a nova unidade da Fibria?

Apesar de estar distante de um porto, Três Lagoas apresenta uma estrutura de estrada de ferro existente que atende a empresa e permite a instalação de uma nova unidade

Para quem pensa que o cargo de executivo número 1 da maior fabricante de celulose do mundo está cercado de luxo e viagens internacionais, Carlos Aguiar vai contra esta corrente, arregaça as mangas e vai a campo percorrendo o Brasil a procura de terras para plantar mais e mais floresta. Faz questão de sobrevoar as áreas com potencial nas primeiras expedições para ver de perto um dos maiores ativos da empresa e do setor: o espaço adequado para o plantio de eucalipto.

Aos 65 anos, Aguiar está no setor há quatro décadas. Era o presidente da Aracruz Celulose quando a Votorantim Celulose e Papel incorporou a companhia, sediada no Espírito Santo, no ano passado. Em entrevista concedida ao Portal do Administrador o presidente explica por que Três Lagoas/MS foi escolhida para sediar uma nova unidade da empresa, fala também sobre a estratégia da empresa e planos futuros.

Em 2009 a Fibria resolveu ampliar ainda mais seus negócios e decidiu construir uma fábrica de celulose em Três Lagoas, no Estado de Mato Grosso do Sul devido à grande disponibilidade de área para a formação da floresta e a possibilidade de construir uma nova fábrica, não limitando assim a apenas uma fábrica, essa é uma prioridade da empresa, todos os locais são escolhidos usando esse parâmetro.

Apesar de estar distante de um porto, Três Lagoas apresenta uma estrutura de estrada de ferro existente que atende a empresa e permite a instalação de uma nova unidade.

O preço da terra na região de Três Lagoas subiu consideravelmente com o aumento da demanda por empresas de R$ 3, 500 cada hectare passou a custar cerca de R$ 5, 000. Carlos Aguiar pontua algumas razões para o fenômeno, “a primeira razão é devido aos empreendimentos que usam madeira, também em função da presença de fundos brasileiros e estrangeiros que passaram a investir em florestas no País e muito fornecimento de madeira para as siderúrgicas, todos esses fatores geraram uma competição interessante por terra fazendo com que elevasse o preço por hectare”, explica o presidente.

O executivo menciona sobre a tributação imposta ao investidor antes mesmo de o investimento ser feito, “taxas que variam de 18 a 20% enquanto no Uruguai a taxa é de apenas 1% isso limita e atrapalha as grandes empresas internacionais a investirem no Brasil”, reclama ele.

A estratégia da Fibria é se fortalecer como uma grande empresa de base florestal no segmento da celulose e futuramente com o avanço da tecnologia a empresa pode investir em outros setores como energia e produtos provenientes da área florestal como a biomassa, etanol de celulose, diesel de madeira que muitas pessoas já começaram a desenvolver.

“Nesse momento nenhum desses produtos são viáveis economicamente para a empresa, mas tendo em vista a grande demanda chinesa por energia, vai ter uma pressão muito grande em cima do petróleo o que vai acarretar o aumento do preço, isso com certeza vai beneficiar as outras formas de energia, sem falar claro da condição ambiental, o petróleo é um grande poluente, e a emissão de CO2 na camada de ozônio é um problema tratado muito a sério para países como os EUA, China, Japão e diversos países europeus”, explica o executivo.

A maior fabricante de celulose do mundo, não vê na fabricação do papel um negócio prioritário, apesar de todos acharem que o papel agrega valor, a experiência da Fibria mostra o contrário, “as diversas variações que o papel tem como gramatura, cor e tamanho inviabilizam a produção, outro fator é a falta de proximidade com o consumidor, se alguma fábrica da Europa me fizer um pedido só o transporte leva cerca de 15 dias, é o tempo mais ou menos que um navio leva pra atravessar o Atlântico, enquanto que os países dentro do continente no dia seguinte ao pedido a entrega já é realizada. Já a produção da celulose é feita em fardos padronizados, em tamanhos e dimensões iguais. A celulose é mais competitiva perto da floresta e o papel mais competitivo perto do consumidor”, explica Aguiar.