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Presidente da Fiems diz que taxa de juros é conservadora

Segundo ele, o desempenho do PIB no último trimestre do ano passado exigia uma ação mais contundente

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de acelerar a queda dos juros e reduzir a taxa básica em 1,5 ponto percentual, cortando a Selic de 12,75% ao ano para 11,25% ao ano, foi considerada ainda conservadora pelo presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems), Sérgio Marcolino Longen. “O momento é de ameaça de recessão. Por isso a taxa deveria recuar ao nível de um dígito”, avaliou ontem (12).
O presidente da Fiems também acha que chegou o momento do Copom voltar a se reunir de 30 em 30 dias e não no prazo de 45 dias, medida adotada em tempos de economia estável, sem turbulências.
Segundo ele, o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no último trimestre do ano passado exigia uma ação mais contundente do Banco Central. De acordo com o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com relação ao terceiro trimestre de 2008, o PIB caiu 3,6% na série com ajuste sazonal, sua maior queda desde 1996. E entre os setores, a Indústria registrou o maior tombo (-7,4%), seguida pela Agropecuária (-0,5%) e pelos Serviços (-0,4%). Para a Indústria, esse foi o maior recuo desde o quarto trimestre de 1996 (-7,9%).
Por essa razão, o presidente da Fiems considera que o setor produtivo e a sociedade de uma maneira geral pagam um alto preço em função do excesso de rigidez monetária, notadamente na forma de uma elevada despesa com juros. “Crescemos menos e reduzimos a geração de empregos A política monetária precisa ser flexibilizada”, advertiu.
Este foi o segundo corte de juros desde a piora na crise econômica ocorrida a partir de setembro, já que em janeiro o Copom reduziu a Selic de 13,75% para 12,75% e, agora, os diretores do BC só voltam a se reunir nos dias 28 e 29 de abril. O corte de hoje nos juros é o maior desde novembro de 2003, quando a taxa caiu de 19% para 17,50% ao ano.
Com essa nova redução, a Selic voltou ao nível em que estava em março de 2008, a menor da história. Apesar do corte de hoje, o Brasil continua com uma das maiores taxas de juros do mundo. Em termos nominais, ficam à frente da taxa Selic os juros na Venezuela (17,06%), Rússia (13%), Turquia (11,50%) e Argentina (11,38%). Em relação aos juros reais (descontada a inflação), o Brasil continua com a maior taxa, de 6,51% ao ano.