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Reajuste de passagens aéreas e de planos de saúde influenciaram na inflação de outubro

Inflação de outubro pressiona mais famílias de renda alta

Reajuste da passagem aérea e plano de saúde impactaram a inflação para as famílias de alta renda - Divulgação
Reajuste da passagem aérea e plano de saúde impactaram a inflação para as famílias de alta renda - Divulgação

Encarecimento das passagens e dos planos de saúde foram os setores que mais impactaram as famílias consideradas com renda alta (R$ 17.260,14) com maior inflação em outubro, segundo estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Para esta faixa de renda, a variação de preços foi de 1,14%, enquanto a inflação geral da economia ficou em 0,59%.

Já as famílias de renda muito baixa (até R$ 1.726,01) e baixa (entre R$ 1.726,01 e R$ 2.589,02) tiveram os menores índices de inflação: 0,51% e 0,52%.

Para o professor do Curso de Ciências Econômicas da ESAN/UFMS, economista Ricardo José dos Santos, essa informação sobre a inflação mais alta para famílias de renda alta no Brasil é bastante enganosa. “ No Brasil de hoje esse tipo de informação é enganosa, porque mesmo que a inflação sendo mais alta para a população de renda mais elevada o impacto disso no bem-estar dessas famílias é menor do que o impacto da inflação mais baixa para as famílias mais pobres. Nós temos que imaginar o seguinte a maior parte dos endividados e altamente endividados no Brasil hoje são as famílias de baixa renda. Se estão endividados e inadimplentes não conseguem ter acesso a crédito, além disso uma parte significativa da população de mais baixa renda encontra-se desempregada ou subempregada , portanto, a discussão em torno e uma inflação mais elevada para a população de mais alta renda me parece nesse momento uma discussão sem um fundamentação mais robusta e preciso pensar sobre tudo naqueles que são mais vulneráveis e ai não importa se a inflação para eles é mais baixa ou mais alta do que para as famílias mais abastadas, o que importa é uma situação precária em termo de sobrevida para essa faixa da população”, analisa o economista.    

Mesmo assim, quando é analisada a inflação acumulada, tanto as famílias mais ricas quanto as mais pobres estão acima da média nacional, enquanto as de renda média estão abaixo da inflação geral.

Nos últimos 12 meses, as famílias de renda muito baixa têm 6,73% de inflação, enquanto a inflação geral é de 6,43%. As famílias de alta renda, por sua vez, acumulam 7,95% de aumento de preços em sua cesta de compras.

Valores diferentes

São consideradas famílias de renda média as que ganham entre R$ 2.589,02 e R$ 4.315,04 (média baixa), entre R$ 4.315,04 e R$ 8.630,07 (média) ou entre R$ 8.630,07 e R$ 17.260,14 (média alta). Para essas famílias, a inflação de outubro foi de 0,57%, 0,61% e 0,64%, respectivamente, enquanto o índice acumulado ficou em 6,17%, 6,39% e 6,38%.

O Ipea explicou que, para as quatro classes de renda mais baixa, os maiores impactos na inflação vieram dos grupos alimentos e bebidas e saúde e cuidados pessoais. Enquanto isso, as famílias de renda mais média alta e alta sofreram mais com o aumento de preços nos transportes, com destaque para o reajuste das passagens aéreas (23,4%).

O instituto também detalha que, mesmo dentro de um mesmo grupo de despesas, há comportamentos diferentes dependendo da renda. No grupo saúde e cuidados pessoais, a alta dos artigos de higiene (2,3%) pressionou especialmente a inflação dos segmentos de renda mais baixa, enquanto o reajuste dos planos de saúde (1,4%) impactou mais a inflação das classes de renda mais alta.