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Venda de máquinas cai e indica o fim de um ciclo

A consultaria Tendências estima que, em janeiro, o consumo aparente de máquinas e equipamentos (produção doméstica mais importações, menos exportações) teve queda de 10%

O mais longo ciclo de investimentos da história recente do país será interrompido em 2009. Em janeiro, pelo terceiro mês consecutivo, a demanda doméstica por máquinas e equipamentos diminuiu, um indício seguro de contração dos investimentos. As importações, estão em queda, assim como a demanda por insumos para a construção civil, levando os economistas a rever as projeções para a formação bruta de capital fixo. A maioria prevê para 2009 queda no investimento de 3% em média, mas as previsões chegam a um recuo de 8%. Desde 2003 isso não acontece.

A consultaria Tendências estima que, em janeiro, o consumo aparente de máquinas e equipamentos (produção doméstica mais importações, menos exportações) teve queda de 10% em relação a dezembro, em série com ajuste sazonal. Quedas significativas também ocorreram em dezembro (10%) e novembro (16%): Para o ano, a consultoria prevê retração de 12%.

Levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) também mostra queda no consumo aparente em janeiro, de 21,6% em relação a dezembro, com ajuste sazonal, e de 11,1% na comparação com janeiro de 2008.

As importações estão encolhendo ainda mais: 22% em janeiro sobre dezembro e 12,4% sobre janeiro de 2008. Os dados de fevereiro apontam novo recuo. No bimestre, as compras externas desses bens, em valor, diminuíram 10%. Para Alexandre Gallotti, economista da Tendências, o setor de construção civil manterá a demanda aquecida, com algum fôlego por conta de projetos em andamento e da aprovação de um novo pacote de estímulo do governo que prevê a construção de 1 milhão de moradias em dois anos.

a economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, é um dos poucos que preveem crescimento da formação bruta de capital fixo neste ano, de 3%. Ele estima queda nos três primeiros trimestres e forte recuperação no quarto trimestre, com expansão de 10%, mas considera que o resultado também se dará por conta da base de comparação baixa. "A recuperação do investimento e do consumo aparente só ocorrerá quando o empresariado retomar a confiança", diz.