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Maracaju

Movimento de greve da UFMS de Paranaíba divulga carta aberta a população

A greve dos docentes federais foi deflagrada, nacionalmente, em 28 de maio, depois de mais de dois anos de tentativas frustradas de negociação

Como forma de explicar a população a paralisação dos professores, e mostrar os motivos que levaram a classe a tomar esta atitude, o Movimento de Greve do campus de Paranaíba divulgou uma carta aberta a população. Já são três meses de paralisação, o principal motivo é a valorização salarial da classe.

A Carta diz que “a luta dos Servidores Universitários Federais (Professores e Técnicos) é muito mais ampla, defendemos o caráter público da Educação Federal. Os sucessivos governos têm priorizado gastar grande parte do orçamento para pagar juros e amortizações da dívida pública, ao invés de aplicar mais recursos em saúde, educação e cultura. Em 2014, foram gastos 45% dos recursos com pagamento da dívida pública e menos de 4% foram destinados à Educação (dados da Auditoria Cidadã da Dívida)”.

Em seguida a Carta expõe os cortes no orçamento da Educação Federal, o que para o Movimento causa prejuízos diretos já estão ocorrendo em diversos setores e atividades, atrasos de obras, dificuldade para abertura de novos cursos universitários, cortes de bolsas estudantis, falta de recursos para realização de bancas de trabalhos de graduação e pós-graduação, serviços essenciais, manutenção, aquisição de equipamentos, etc.

“Para se ter uma ideia, a UFMS/Campus Paranaíba sofreu cortes da ordem de 30% – nos recursos de custeio – (materiais de escritório, materiais para aulas práticas e para atendimento na clínica-escola de Psicologia, manutenção e reparos das instalações) e de 50% – nos recursos de capital – (compra de equipamentos permanentes como datashow, computadores e mobiliários, etc.). Portanto, nós, docentes, juntamente com os técnicos administrativos, estamos em greve para defendermos investimentos na Educação, que garantam condições adequadas para formar bons profissionais, realizar pesquisas e desenvolver projetos de extensão universitária junto à população das cidades onde estão situados os campi, com é o caso de Paranaíba”, diz outro trecho.

A greve dos docentes federais foi deflagrada, nacionalmente, em 28 de maio, depois de mais de dois anos de tentativas frustradas de negociação. Os docentes da UFMS paralisaram suas atividades em 15 de junho. Atualmente, são aproximadamente 50 Universidades e Institutos Federais paralisados no Brasil.

“De lá para cá, docentes, estudantes e técnicos da UFMS/CPAR realizaram uma série de atividades de conscientização e informativas (panfletagem, aula-aberta, debates, sessões de filme, saraus de música e poesia, assembleias e entrevistas para rádios e jornais), a fim de explicar à população os motivos da greve e as reivindicações. Foram momentos muito relevantes! Ações desse tipo têm sido realizadas nos diversos campis das diversas Universidades Federais do país”.

De acordo com o documento, até agora, o governo insiste em protelar e desmarcar reuniões, o Ministro da Educação sequer atendeu os líderes do Sindicato, não compareceu a nenhuma das reuniões, nos negando o diálogo. “Uma proposta nos foi feita, o que, na verdade, nem merece ser considerada uma proposta, pois tem conotação enganadora e desrespeitosa: o governo chama de “reajuste” ou “aumento salarial”, o que na verdade é um confisco da renda dos professores. Explicando: se nos oferece 5,5% em 2016 – quando a inflação acumulada dos últimos 12 meses é de 9,56% (a maior desde 2003) -, isto significa que está embolsando 4% da renda dos servidores, de imediato. Por isto, é preciso esclarecer que o ajuste de 21% oferecido é, na realidade, um aumento ilusório. Parcelado até 2019, (iniciando com os ditos 5,5% em 2016) esse “reajuste” é sim, uma repetição, ano a ano, deste confisco de renda dos professores. Detalhe, o Governo desconsidera qualquer estimativa de inflação de 2016 até 2019, ou seja, mais confisco do salário daqueles que atuam em prol da “Pátria Educadora””.

Outras reivindicações são suspensão os cortes de verbas, reestruturação da carreira dos docentes, manter os investimentos em assistência estudantil e pesquisa, entre outras, nada ou quase nada avançou.

“Frequentemente nós docentes da UFMS/Paranaíba, somos interpelados por alunos e pessoas em geral que indagam: “Professores, essa greve não vai acabar?”, “Tem alguma previsão?”. É preciso esclarecer que a greve da Educação Federal é um movimento nacional. Fazer greve é um direito constitucional de todo trabalhador, um instrumento de luta que deve ser utilizado para enfrentar situações extremas de desrespeitos e injustiças.Reafirmamos, neste comunicado, nosso compromisso com os acadêmicos e com a população de Paranaíba. Solicitamos seu amplo apoio em defesa das condições dignas de funcionamento das Universidades e Institutos Federais do Brasil. Somente a defesa organizada de todas as Universidades Federais, de todos os professores, técnicos administrativos e universitários do país, por meio da força e coesão desta greve, garantirá que a UFMS de Paranaíba também cresça e prospere”.