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UFMS poderá implantar sistema de cotas

Na semana passada, uma comissão foi formada para criar proposta

A Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) instituiu, no dia 25 de maio, comissão formada por dez pessoas, entre servidores e acadêmicos da instituição de ensino, para estudar a possibilidade de implantação do sistema de cotas nos campus da universidade.

De acordo com a Universidade, a comissão visa discutir o sistema de cotas e sua implantação e apresentar uma minuta de cotas a ser adotada pela instituição, ainda neste ano. A expectativa é de que o programa esteja pronto e implantado antes das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para isso, a comissão terá o prazo de 90 dias para concluir o processo.

Em abril, o Supremo Tribunal Federal (STF) colocou um fim à discussão sobre a legalidade do sistema quando julgou constitucional o Sistema de Cotas.

A medida, segundo o professor de História da África do campus de Três Lagoas, Lourival dos Santos, representou um avanço quanto à luta pelo fim da desigualdade racial no país. Um dos membros da comissão, o professor universitário defende o sistema de cotas a fim de aumentar o acesso de negros ao ensino superior. “O negro, historicamente, tem desvantagens que precisam ser levadas em conta no país. A escravidão no Brasil acabou há 120 anos. São apenas cinco gerações. O sistema de cotas é o único jeito de corrigir este erro”, argumentou.

Em relação à interpretação de muitos, que acusam o sistema de cotas como mecanismo de aumento do racismo, o professor defende que o ideal seria a existência de duas cotas: uma para negros e outra de caráter social (destinada a pessoas de baixa renda), mas salientou que a primeira é essencial. “Se você perguntar para 50 calouros da UFMS, 20 deles vão falar mal das cotas. Isso se deve à ideologia do sucesso: eu estudei, eu consegui. Entretanto, negros em escolas públicas são maioria. Já nas particulares, minoria. Além disso, o índice de evasão escolar entre negros é bem maior. A cota social seria um passo adiante. Mas, mesmo assim, não acho que a cota racial deva ser descartada. No Brasil, ser pobre é ter um problema. Ser pobre e negro significa ter dois problemas. Ser pobre, negro e mulher são três problemas”, disse.

COMISSÃO

De acordo com ele, embora o STF julgue o Sistema de Cotas constitucional, cabe às universidades a decisão de adotá-las ou não. A Universidade de Brasília (UnB) foi a primeira no país a incorporar o sistema, que é revisto a cada dez anos. Em Mato Grosso do Sul, A Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) também adotou a medida, com a ajuda do deputado estadual Pedro Kemp (PT). O parlamentar foi o autor da lei que instituiu cotas na instituição e, por conta disso, foi um dos convidados para fazer parte da comissão da UFMS.

Ele compõe o grupo ao lado de Lourival, Antônio Hilário Aguilera Urquiza, Célia Regina do Carmo, Daniel Derrel Santee, Claudete Cameschi de Souza, Dulce Lopes Barboza Ribas, Priscila Medeiros e a acadêmica Stefani Lara de Campos Arce Santana, representando o Diretório Central dos Estudantes (DCE).

Em nota, a reitora da UFMS, professora Célia Maria Silva Corrêa Oliveira, informou que a criação de um sistema de cotas na Instituição é uma antiga reivindicação da sociedade. "Nós nos posicionamos a favor. Acredito que seja o momento de discutir a adoção de cotas na Instituição e posteriormente no Conselho Universitário", afirmou.

SEMINÁRIO
Segundo informações da UFMS, a comissão prevê a realização de seminários para discutir o assunto na Universidade com a comunidade acadêmica. Um dos convidados deve ser o reitor da Universidade de Brasília (UnB), José Geraldo de Souza Junior. Recentemente, o STF (Supremo Tribunal Federal) considerou constitucional o sistema de cotas da UnB.

A matéria foi editada às 12h36