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Editorial

A degradação dos nossos córregos

Confira o editorial do Jornal do Povo, da edição deste sábado (23)

Córrego da onça em Três Lagoas - Divulgação
Córrego da onça em Três Lagoas - Divulgação

Ontem, dia 22, celebrou-se o Dia Mundial da Água, que visa colocar em discussão a preservação dela própria, visando conscientizar a sociedade civil sobre a importância em manter os mares, rios e córregos em estado de preservação permanente, ou seja, limpos e livres de agressões de quaisquer naturezas.

A água continuará  sendo, sempre, um recurso hídrico inesgotável porque representa uma das fontes de vida da natureza humana. E, para tanto se impõe a conscientização das pessoas, e, sobretudo, das autoridades públicas, as quais através do poder normativo, devem fiscalizar e fazer cumprir as regras que estabelecem a preservação dos recursos hídricos.

Não devemos nos afastar dessa vigilância, sob pena de comprometer essa fonte de vida que abarca todos os seres vivos, entre estes, a flora, fauna e a própria saúde da humanidade. Como é da natureza humana o consumo indispensável da água, salta aos olhos a agressão ao meio ambiente quando não se adota medidas preventivas de se preservar as nascentes e os cursos d’agua.

O desmatamento sem critério e ganancioso que visa a erradicação de matas ciliares, quando não sufoca, mata as poucos as nascentes e os cursos de água dos rios e dos córregos, que desaguam nos grandes cursos. Desmatar indiscriminadamente para alavancar interesses econômicos, acaba causando o assoreamento dos cursos d’agua, além de causar o acúmulo de terra, lixo e matéria orgânica, as quais comprometem a incolumidade dessa fonte imprescindível para a sobrevivência dos seres vivos.

É preciso diante de tantas mutações no planeta terra, que vão desde as alterações nas quatro estações do ano até a elevação dos níveis de temperatura, entre tantas outras questões ambientais, as quais causam grandes catástrofes, que estejamos atentos às questões da preservação e uso da água. Aqui em Três Lagoas a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul aponta que temos no entorno do município aproximadamente 13 córregos, os quais estão padecendo em sua perenidade por conta do desmatamento, seja para a pecuária, quanto para a agricultura e silvicultura, que avançou, sobremaneira em nossas terras por conta a implantação da imensa floresta de eucalipto que abastece as fábricas de celulose.

O córrego da Onça é o mais agredido ao longo dos últimos 30 anos, seja por conta da expansão urbana como pela irradicação da mata ciliar na extensão do seu curso. O córrego do Palmito é outro que segue o mesmo destino, vindo nesta esteira o Córrego do Pinto, e por ai vai o processo de extinção dos córregos os quais têm curso dentro da área do município de Três Lagoas. Impõe–se uma ação imediata dos organismos públicos, notadamente, o Imasul, que deve ser cobrado pelos organismos institucionais da municipalidade – os poderes Executivo e Legislativo, visando conter essa degradação que afetará, mais cedo ou um pouco mais tarde, os cursos de águas dos rios Sucuriú e Paraná, os quais têm como afluentes dezenas de córregos para abastecê-los.

Temos enquanto sociedade civil organizada o dever de criar um grande fórum para debater em caráter permanente essa questão, sob pena das gerações futuras pagarem um preço bem maior do que estamos hoje pagando em consequência das mudanças climáticas, pois poderão sofrer com a falta de abastecimento de água potável.