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Capivaras enfrentam a escassez de alimento na Lagoa Maior

Nesse período de estiagem e vegetação seca, os animais silvestres passam a receber reforço diário de comida no local

Capivaras enfrentam a escassez de alimento na Lagoa Maior - Reprodução TVC
Capivaras enfrentam a escassez de alimento na Lagoa Maior - Reprodução TVC

Os reflexos do tempo seco em Três Lagoas e região são sentidos, não apenas pelos moradores, mas também pelos animais e a vegetação. Na Lagoa Maior, por exemplo, um dos principais cartões postais da cidade, a grama perdeu o verde e está seca, provocando escassez na alimentação de 150 capivaras, que habitam no local. A seca e o frio afetam o crescimento da vegetação. Para evitar que esses animais migrem para bairros em busca de comida, diversos cochos foram espalhados às margens da Lagoa. 

Servidores da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Agronegócio (Semea), vão até o local durante a semana e realizam a distribuição do alimento em oito cochos. A ação de suplemento alimentar não tem prazo para acabar. O biólogo Flávio Henrique Fardin destaca que a medida é para evitar que as capivaras deixem o local em busca de comida ou provoquem acidentes de trânsito. “Se elas [capivaras] migrarem muito da Lagoa para outros pontos ficarão expostas ao perigo e podem ser atropeladas, causando problemas de trânsito”. 

MANEJO
Além da falta de alimentos, a quantidade de capivaras que ocupam a orla da Lagoa Maior chama a atenção. A área fica no Centro de Três Lagoas e não seria adequada para comportar esse número de animais. O biólogo Flavio Fardin disse ao Jornal do Povo que na próxima semana deverá haver a retirada de, pelo menos, 20 animais da Lagoa. 

O manejo é feito por meio de um plano ambiental autorizado pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama). As capivaras serão levadas para o Parque Natural do Pombo, no município. 

Previsão é de estiagem e calorão até o mês de setembro

O período de estiagem deverá se prolongar até o mês de setembro, conforme prevê o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O tempo seco e o intenso calor do Inverno têm castigado muita gente e o trimestre (agosto, setembro e outubro) possui condições climáticas bem abaixo do esperado. Somente em agosto, por exemplo, a média pluviométrica histórica é de apenas 18 milímetros, em Três Lagoas. Já no próximo mês a estimativa é de chover só 20 mm. 

O meteorologista Vinícius Sperling, do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec), destaca que a temperatura seguirá alta, com possibilidade de alguns dias de excesso de calor, por conta da permanência de massas de ar seco e quente sobre a região. Isso ocorrerá mesmo com a nova onda de frio, que terá passagem rápida pelo estado, segundo ele. Nos próximos dias, entretanto, as manhãs e noites têm temperaturas mais amenas. 

ESGOTADO
Com a baixa umidade relativa do ar, os tradicionais umidificadores de ar já se esgotaram em várias lojas de eletrodomésticos na cidade. O aparelho custa, em média,  entre R$ 145 e R$ 208, tendo como objetivo aumentar a umidade no ambiente, trazendo alívio respiratório. “ Eu sempre usei e nesse período já comprei mais dois umidificadores. Espalhei pela casa e, principalmente, é muito útil na hora de dormir. Ajuda no sono e também é muito bom para as crianças”, pontuou Verusca de Souza.

Umidade do ar tem índice de deserto em Três Lagoas 

Entre os dias 18 e 21 de agosto, a umidade relativa do ar, em Três Lagoas, atingiu 11%. Em cinco anos, não há registro de índice tão baixo em tantos dias consecutivos e, na quinta-feira (22), a umidade caiu ainda mais, para 9%. Uma massa de ar seco no país tem derrubado a umidade e elevado a temperatura, deixando o município em destaque no ranking nacional como um dos mais quentes. Os termômetros registraram nesta semana 38,8°C, com sensação de 44°C. 

Esse índice de umidade registrado é menor do que a média encontrada no Deserto do Saara. Nele, a umidade relativa do ar fica em torno de 12%. A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza índices de umidade iguais ou superiores a 60% como adequados para a saúde humana.