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Opinião

A atual face da saúde pública brasileira

Não são todas as cidades que possuem hospitais

* Samara Josefa da Silva é acadêmica do curso de Administração – Campus de Três Lagoas/MS. 

* Josilene Hernandes Ortolan de Pietro é professora do curso de Direito – Campus de Três Lagoas/MS.

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define “saúde” como o estado de completo bem-estar físico, mental e social. Assim, uma boa saúde está diretamente associada à qualidade de vida do indivíduo. A prática frequente de exercícios físicos, uma alimentação saudável e o bem-estar emocional são os principais fatores que contribuem para o equilíbrio da saúde humana. Mas o acesso a esta “receita” (aparentemente básica) não está disponível a todo ser humano. Há pessoas sujeitas às mais precárias condições: desde a falta de saneamento (que o próprio nome já designa, é básico) à impossibilidade de uma alimentação e acesso à água de qualidade, além da ausência de assistência medica adequada. O resultado: a ausência de saúde, definição dos dicionários para “doença”.

No Brasil, há entidades públicas e privadas destinadas à prestação de serviço de atendimento médico-hospitalar. Mas a maior parte da população brasileira é atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), gerenciado em parte pelo Ministério da Saúde e por entidades privadas. Para a atual população, de aproximadamente 190 milhões de habitantes, há 1,68 médicos para cada mil pessoas. Apesar de existirem milhares de médicos espalhados por todo o Brasil, o país ainda passa por dificuldades na hora de prestar e permitir o acesso ao atendimento médico para a população. Não são todas as cidades que possuem hospitais e unidades de pronto atendimento dignos.

Existem inúmeros problemas que dificultam o atendimento à população. Dentre eles, talvez a sensação da população de “pouco caso” do governo seja o maior. Trata-se daquela impressão de que a saúde é deixada para o último plano, quando, em contrapartida, bilhões de reais foram destinados para a realização da Copa do Mundo de 2014 – em construção de estádios, aeroportos e infraestrutura das cidades que sediaram os jogos. Durante a realização desse grande evento, pessoas aguardaram dias, semanas, meses em filas de espera clamando atendimento. Algumas chegaram a não resistir, vindo a óbito até mesmo sem atendimento ou por não terem acesso a medicamentos ou tratamento hospitalar adequado.

Clama-se por mais atenção à saúde pública no Brasil, pela adoção de políticas públicas suficientes para não permitir a repetição daquelas terríveis cenas dos corredores dos hospitais, em que pacientes aguardam atendimento em macas ou até mesmo em colchões no chão dos corredores.  O jornal Bom Dia Brasil, edição de 19 de março de 2014, divulgou uma pesquisa feita pelo Tribunal das Contas na União (TCU), onde se constatou que: 77% dos hospitais mantêm leitos desativados porque não há equipamentos mínimos, como monitores e ventiladores pulmonares; em 45%, os equipamentos ficam sem uso porque faltam contratos de manutenção; 48% sofrem com deficiência de instrumentos e móveis básicos para prestação dos serviços.

Em 80% dos hospitais fiscalizados pelo TCU, faltavam médicos e enfermeiros e quase a metade desses hospitais tinham leitos fechados, exatamente pela falta de profissionais.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, em março/2014, revelou que 45% dos brasileiros entrevistados identificaram a saúde como o principal problema do nosso país. Com todos os dados apresentados, resta claro que o maior desafio a ser vencido pelo Brasil, atualmente, é a melhoria da saúde pública.