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Opinião

A autonomia do aluno no novo milênio

Durante muito tempo, a prática docente foi guiada por uma concepção de ensino puramente tradicional. Com isso, o processo de ensino e de aprendizagem ocorria em função de uma grande quantidade de conceitos e definições, que deveriam ser reproduzidos pelos alunos.

Ainda com base nessa linha metodológica, a prática da interação entre docente e discente não ocorria, na medida em que ambos não eram concebidos como interlocutores.

Nesse processo de ensino e aprendizagem, era elencado ao aluno um papel passivo e, em virtude disso, ele deveria abdicar de seus posicionamentos diante dos argumentos inquestionáveis do professor. Essa postura esteve presente durante décadas em nas escolas brasileiras, alçando, assim, o ensino a um papel reprodutório.

Em face desse contexto educativo, em meados da década de 80, ocorreu uma intensa produção e disseminação de estudos na Área da Educação. Estudiosos de diversas áreas, tais como: das Ciências da Linguagem [Linguística], das Ciências Educativas [Pedagogia], das Ciências Psicológicas [Psicologia e Psicologia Cognitiva] e de outros campos de estudos [Filosofia, Sociologia], conforme ressaltam Albuquerque et al (2008)., produzem inúmeros pressupostos e fundamentos teóricos, buscando, assim, romper com as práticas obsoletas presentes nas unidades escolares brasileiras.

Tendo como pano de fundo esse contexto de difusão dos postulados do âmbito educacional, surgem novas estratégias e metodologias de ensino, como também novos papeis para os sujeitos envolvidos na construção social do conhecimento (KOCH & ELIAS, 2006).

Diante desse cenário, ocorre uma intensa alteração nas relações tradicionais de ensino. Surgem, agora, novas funções sociais. Primeiramente, abordamos a mudança na função social do docente. O professor não é mais aquele que detém o conhecimento, repassando-o para o aluno de forma dogmática [não admitindo questionamentos].

O docente é, nesse novo contexto paradigmático, aquele que propicia articulação no encontro entre o aluno e o saber [a forma em que se dá sentido às informações recebidas, elaborando significação a partir de tais informações]. Nessa ótica, o professor é alçado à condição de mediador, deixando de lado a postura de transmissor de conteúdo, assumindo, dessa forma, o papel de orientador e de estimulador na construção social do conhecimento do discente.

Este, por sua vez, assume um papel ativo, que transcende a perspectiva da reprodução. Ambos, nessa nova perspectiva de ensino, são concebidos como atores sociais, envolvidos em práticas pedagógicas sociointeracionistas pautadas em perspectivas interativas e dialógicas, conforme sinalizam Koch & Elias (2006).

Esses novos paradigmas aplicados ao campo do ensino, propiciam o surgimento de novas metodologias que têm por objetivo levar o educando não só a compreender conteúdos teóricos, mas, sobretudo, a aplicar esses conteúdos no âmbito social. O que, por sua vez, culmina na questão da autonomia do discente.

Com isso, o ensino, em uma perspectiva geral, passa a girar em torno de uma concepção de ensino enquanto elemento de conscientização, o que, por conseguinte, promove a ampliação da visão de mundo, rumo à atuação social desse novo aluno que é alçado à condição de sujeito ativo e autônomo na atual sociedade competitiva do novo milênio.

(*) Silvio Profirio da Silva é graduando em letras pela Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE.