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A corrupção como meio de vida

Ontem assisti um programa que mostrou corrupção com fiscais da Receita Federal na cidade de Guarulhos-SP. Uns tinham milhões em dinheiro dentro de casa, carros caríssimos, residências cinematográficas e um deles tinha três paraísos na beira do mar na Bahia. Tudo muito lindo. Como funcionário público não vejo como muito possível enriquecer a custa dos salários que se recebe no serviço público. Exceto alguns funcionários públicos que se casaram com gordas heranças, dificilmente alguém consegue comprar carros de 400 mil reais, comprar fazendas, trabalhando no serviço público brasileiro, mesmo aqueles que recebem altos salários.
Daí, efetivamente não consigo entender como  justificar alguém que ganha 20 mil por mês possuir  mansão de 2 milhões,  carro de 400 mil na garagem,  filho estudando nos Estados Unidos, viajar duas ou três vezes por ano para Lãs Vegas, Orlando, Paris, Egito e outros locais. Mas o serviço público brasileiro é campeão em fabricar milionários. Muita gente sabe como ficar rico no serviço público. Alguns vendem suas almas, outros vendem sua honra, outros vendem sua vida, outros a honestidade, etc. Fazer negócio com o trabalho no serviço público é uma coisa comum e institucionalizada em quase todos os Poderes da República brasileira.
Hoje, a gente vê deputados que, após algum tempo, se  converteram em prósperos empresários, tornando-se  milionários sem que nunca “trabalhassem”, só fazendo política. Alguns poucos empresários enriquecem a custa de Prefeituras e, lógico, abraçados com funcionários corruptos por trás disso. A gente vê, como os  fiscais de Guarulhos, outros deles de todas as espécies brilhando na carreira como ninguém e com os bolsos bem cheios de dinheiro. Inconcebível que no serviço público as pessoas aparentem ser milionários e não paguem nem os tributos pelo que angariam por baixo do pano.
Daí a gente pergunta: onde estão os Chefes desse pessoal? Ora, se o Chefe vê que seus funcionários estão ficando milionários, morando em portentosas mansões, dando festas monumentais, andando em carros impossíveis, viajando por todos os lados do mundo, desviando coisas, negociando propinas, etc., impossível não perceber isso e tomar providências, entretanto, pobres serviçais, a co-autoria e a conivência também são instituições nascidas no país de povo varonil. No caso, o compadrismo também é comum entre os meliantes do serviço público. Não é a toa que o Brasil é um dos países mais corruptos do mundo, recebendo nota 9,00 entre os  corruptos.  Tudo tem sua razão de ser, e pelo menos temos notas altas em alguma coisa.

Antonio Carlos Garcia de Oliveira é promotor de justiça