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A gafieira na política brasileira

O governo federal e o PT, aos poucos, vão dando motivos para aproximação entre os adversários de Dilma Rousseff, algo que não ocorreu em 2010. Naquelas eleições os adversários de Dilma não estiveram juntos como agora.

O governo está tão meloso em seus acenos eleitorais desmedidos e conflitantes, que pode escorregar nos respingos de seu próprio mel, levando um solene escorregão, estabacando-se eleitoralmente.


Nesta semana, no gabinete do senador Pedro Simon (PMDB-RS) aconteceu uma reunião entre protagonistas das eleições de 2014. Lá estiveram importantes personagens da política nacional, inclusive alguns que se dizem aliados ao governo Dilma. Todos os partidos que oferecem e ainda buscam mais alternativas para o País, fora do mando atual do Planalto, estiveram presentes.


O destaque das presenças está nos nomes do senador Aécio Neves (PSDB-MG); Marina Silva, que estrutura a Rede Sustentabilidade; deputado Roberto Freire que estruturou o MD; o deputado Arnaldo Jardim (MD-SP); o senador Pedro Taques (PDT- MT), o deputado José Antonio Reguffe (PDT – DF); o líder do PSB Rodrigo Rolemberg (DF), socialista respeitado; representante do PSol e mais dois membros do PDT. Do quadro do PSDB também estavam o líder do PSDB no Senado Aloysio Nunes Ferreira; o deputado Walter Feldemann (PSDB-SP) e outros mais.


Essa reunião acaba de unir adversários que Dilma queria separados e se desentendendo.


Na eleição passada, Marina foi candidata, mas no segundo turno ficou neutra. Dilma ficou solta. Agora, sob a pressão governista para impedir a criação de seu partido e candidatura, não deve ficar de fora, num segundo turno.


Na política, não deve haver os poços de mágoas, mas ninguém é obrigado esquecer o que passou nas mãos do adversário. Nas eleições de 2010 cada um tomou destino diferente, o que fortaleceu Dilma. Agora eles estão se entendendo e veem em Dilma e no PT adversários comuns.


Essa aproximação, entre os que são desdenhados por Dilma e o PT, aos poucos e devagar, pode se intensificar e dar a eles um entendimento maior. E como a política é muito dinâmica, principalmente em período eleitoral, o palanque de Dilma e do PT deve perder personagens importantes, em um segundo turno. Aí, o que era menos vira mais.


Assim, os que deveriam estar separados e brigando entre si, estão se unindo. E quanto à Dilma e ao PT seus adversários devem dizer: não estamos magoados, mas não vamos esquecer tão cedo. Apoio, então, nem pensar. Enquanto isso, dou o meu bom dia, o meu bom dia para o povo brasileiro, que ao final decidirá sobre esse baile de gafieira, onde quem esta fora não entra e quem está dentro não sai… ou já pensa em sair.


*Ruy Sant’Anna é jornalista e advogado