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Opinião

A irritação de Júpiter

É clássico, pois vem da mitologia greco-romana, que Júpiter “é o senhor dos deuses; o céu, o ar, a atmosfera, as intempéries, chuvas, destino (Houaiss, pag. 1963) – mas não é infalível. Ainda, segundo a lenda,
quando ficou irritado, perdeu a razão.  A lição que vem dos séculos há muito transcorridos cabe bem para o que ocorreu com o nosso presidente, Luis Inácio (o júpiter da mitológica política nacional), durante sua cósmica passagem pela nossa Capital.
 Veja… (expressão usual de sua excelência quando
deseja enrolar a pergunta, distorcendo-a na resposta), uso-a em outro sentido, o de mostrar um fato: no comício do dia 24, ao qual Luis Inácio compareceu não na condição de um simples cidadão, pois estava cercado de todo o rigor e protocolo institucional de primeiro magistrado, fez afirmações fabulosas que torciam as chamadas verdades-verdadeiras, quando citou o “entrevero” que teve em almoço realizado na sede do jornal Folha de São Paulo, em 2002, à época candidato a presidente.
Na ocasião irritou-se com perguntas de cunho jornalístico feitas
por um diretor da Folha e, de inopino, abandonou a mesa do almoço, sem mais aquela… Suas afirmações foram categoricamente contestadas pelo importante jornal (edição de 26.08.10, pag.04  e
pelo respeitável jornalista Clóvis Rossi na mesma edição pag. 02), que
inclusive estava presente quando do “entrevero” e a tudo testemunhou. Irritado, também, o presidente fez referência à conduta – segundo ele antiética, desleal – do governador sem citar-lhe nominalmente, o que revela certa insegurança na afirmação, de não acompanhá-lo no apoio eleitoral à sua candidata, sra. Dilma.
 Dito pela amplitude dos microfones, públicos e notórios, repetido pelo programa eleitoral da televisão, foi um fato indesmentível. Quanto ao imbróglio lá na Folha de São Paulo, a contestação ao dito do presidente restabeleceu a verdade e ecoou nacionalmente.
Quanto à manifestação do governador relativa à forte acusação do presidente foi ela contundente e que aquela (acusação presidencial) não passava de uma “dor de cotovelo”… sarcástica sem dúvida. Aliás, não é e não seria necessário fazê-la. Os fatos pretéritos e tão explorados pela mídia registram que o governador André categoricamente manifestara sua simpatia eleitoral pela sua “fada madrinha Dilma” e seu reconhecimento ao “pai” presidente, assegurando, porém, que seu apoio formal – pois o informal já ocorre às claras pela frouxidão com que  lembra o Serra nas concentrações políticas  a que comparece – dependeria
do não lançamento da candidatura de seu tórrido adversário José Orcírio, hoje sério concorrente ao governo do Estado. 
A opinião pública disso está cansada e bem consciente de o saber. Onde,
pois, o gesto desleal e antiético do governador André?
O presidente, repetindo o acento epopeico de Júpiter,
num momento de exaltação e rubor oratório foi ao máximo da irritação, pecou nas palavras, e perdeu a razão!

 Ruben Figueiró de Oliveira é suplente de senador