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Opinião

A política como ciência e missão humana

É muito comum as pessoas criticarem a política como se essa atividade fosse uma coisa menor, exercida por homens e mulheres descomprometidos com a ética e com as coisas relevantes do Estado. Como algo que só pessoas com inconfessáveis interesses privados ou de classe podem participar. 

O pior é que essa visão está diluída em todas as instâncias da sociedade, mas, infelizmente, no público jovem ela ganhou muita força e densidade.


Não foram poucas às vezes em que tive que explicar didaticamente que a política não pode ser confundida com bandalheira pura e simples. A política é uma ciência e uma missão das mais importantes do ser humano. Foi ela, com erros e acertos, que conduziu a humanidade até ao tempo presente, e nada indica que ela vai desaparecer.


Nas redes sociais, por exemplo, a política e os políticos não tem a menor credibilidade. Uma parte considerável dos internautas não só criticam duramente os políticos como estimulam a criação de grupos com o objetivo de pregar o voto nulo ou o não comparecimento dos eleitores às urnas.
 
É verdade que os chamados “políticos profissionais” contribuem diretamente para que essa visão se espalhe como um rastilho de pólvora. Uma parte considerável deles não enxerga a política como missão. Não se preocupa com as demandas da comunidade que representa. Exerce o mandato como se fosse algo privado.


Esse tipo de político forma a chamada banda podre dessa nobre atividade, porém só estão lá porque foram eleitos. Todos os mandatos foram conquistados com o voto livre do cidadão e da cidadã maior de 16 anos. Protegido pelo sigilo absoluto do voto o eleitor escolheu seu representante.


Reconhecer essa verdade é algo relativamente difícil. É mais fácil e prático falar dos políticos numa roda de amigos, nas redes sociais, ou mesmo na imprensa, mas, no particular, muitos apoiam candidatos sabiamente ficha suja.


O eleitor, minimamente consciente, sabe muito bem que ninguém é candidato de si mesmo. Todos os concorrentes estão ligados de alguma forma a uma articulação política patrocinada por uma classe social, um estamento ou um grupo. Isso permite saber, em quase todos os casos, antecipadamente, como vai atuar no parlamento ou no executivo o seu representante.


Os mais diversos interesses podem e devem ser debatidos nas instâncias formais de decisão politica. O Estado se move com base nos interesses divergentes da sociedade civil e da sociedade política. Na prática a ciência política existe para contemplar os interesses difusos dos homens.


Assim, não basta ficar reclamando dos políticos e da política. Cabe ao eleitor marcar sua posição. Participar da política e escolher o candidato que mais se aproxime da sua concepção de mundo.


E, por acaso, se não houver um partido que expresse sua visão política é possível criar um partido e disputar as eleições. A legislação eleitoral brasileira permite a criação de partidos políticos com as mais variadas concepções e doutrinas.


Tanto que mais de 30 agremiações partidárias estão legalizadas e aptas a concorrerem às eleições desse ano.


Quem quer fazer algo pelo Brasil não pode ficar confortavelmente em cima do muro esperando o resultado da eleição. Achar que todos os políticos são farinha do mesmo saco é uma posição sem nenhuma nobreza. Atesta uma triste e imensa alienação política.


Ademais, é bom lembrar que o eleitor é responsável, por meio da sua ação ou da sua omissão, pelo insucesso ou  sucesso administrativo da sua cidade, estado e país. 
Depois do pleito não adianta choro. 

*Eronildo Barbosa é aluno do pós-doutorado em Administração e professor universitário