Veículos de Comunicação

Antes de começar o assunto de hoje, devo algumas desculpas a uma gama de brasileiros que foram incluídos, injustamente, numa generalização que fiz no último artigo: os funcionários públicos que trabalham honestamente, que se sentem marginalizados por não ganharem de acordo com seu trabalho, alguns dos quais se manifestaram por email, criticando minha opinião. De fato, quando eu disse que no Brasil, entre os mais pobres e os muito ricos, há uma classe que nos explora a todos, os funcionários públicos que ganham vencimentos estratosféricos e têm todas as suas despesas pagas pela viúva.
Deixei, injustamente, repito, de ressalvar uns poucos funcionários que realmente se esmeram em nos prestar serviço dedicado e contínuo. Fiquei, inclusive, sabendo de uma escrivã que em sua repartição, impedia que usuários do serviço público distribuíssem balas e presentes aos funcionários, indignando-se quando alguns ofereciam carne para churrascos de fim de semana nos fundos do órgão em que trabalhava.
Em seu nome, homenageio os que me escreveram protestando pelo artigo. Está feita a ressalva, sem, infelizmente, me tirar o desconforto pelos desmandos de Brasília que, para piorar, continuaram explodindo esta semana.
Amém é expressão religiosa que quer dizer “que assim seja”, que revela assentimento e concordância ao fim de uma prece.
Uso-a para ilustrar minha indignação e reconheço, com ela, que pelo menos de alguma forma, o Brasil está expondo ao mundo sua corrupção.
O Ministro Hélio Costa, ministros do Supremo Tribunal Federal (embora tenham sido envolvidos aparentemente contra sua vontade na mutreta), estavam usando passagens aéreas nas cotas de deputados suplentes tão obscuros quanto desonestos.
É o fim da picada, eu sei. Um país deveria chegar à ética e à honestidade como hábito, como exemplo para seus filhos, para sua posteridade. O Brasil, infelizmente, depende das denúncias da imprensa (abençoada imprensa) para que seus ratos, se não desapareçam, pelo menos se escondam por algum tempo.
Tivemos os anões do orçamento, o Congresso fez uma investigação pífia, o Judiciário se omitiu até hoje, não julgando nenhum dos safados, o Tribunal de Contas ficou silente e, de modo geral, todos os brasileiros se acomodaram com a omissão geral.
Tivemos os sanguessugas, os ratos do mensalão, dólares na cueca e nada foi apurado ou resolvido, repito, nem administrativa nem no Judiciário.  O país convive com sua corrupção como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Recentemente, o Congresso teve reveladas suas trapaças antigas, incluindo o pagamento de funcionários domésticos ou não pelo Brasil afora. Mutreta pura.
Descobrimos, agora, que esses assessores facínoras, além de ganhar nosso dinheiro em vencimentos, planos de saúde, apartamentos funcionais, ainda roubam descaradamente o Tesouro com ajuda de agências de turismo também desonestas.
Vale dizer que somos, sim, um país de sem-vergonhas, pois vamos sofrendo na pele os desmandos e continuamos elegendo Sarneys, Roseanas, Michel Temer, entre outros tanto ou mais conhecidos do que esses.
Bem, se o país não chega à purificação pela ética, que chegue pelas denúncias dos jornais. Se a honestidade não é uma virtude nossa, que a humilhação seja a nossa redenção. De qualquer forma, que assim seja.

João Campos é advogado especialista em Direito do consumidor