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Atitudes seguras: bons e maus exemplos

A quantidade de furtos, roubos, assaltos e intrusões a imóveis residenciais e comerciais tende a aumentar do final de novembro ao início de março. Dentre os principais fatores estão o pagamento do décimo-terceiro salário, que coloca mais dinheiro em circulação, e o aumento das viagens pelas famílias, seja para aproveitarem as festas de final de ano, as férias escolares ou o carnaval. Mais dinheiro no bolso do cliente atrai o comerciante, mas também o assaltante; mais crédito e produtos nas lojas atraem o consumidor, mas também o larápio, e residências vazias por dias seguidos atraem visitas indesejadas. O que podemos fazer para minimizar a possibilidade dessas ocorrências?
Vale lembrar que três coisas são necessárias, ao mesmo tempo, para acontecer um delito. Sobre duas delas, não temos qualquer controle e sobre a terceira é que podemos influenciar, porém não controlar plenamente.
 Se alguém passa em frente ao seu imóvel com o desejo de cometer um assalto, que controle você tem sobre isso? Nenhum. Essa causa você não domina; mas até aí, nada aconteceu, pois só a vontade não é suficiente para algo errado (ou correto) se realizar.
É preciso um meio, uma forma, para fazer uma vontade se realizar. O ladrão usará uma arma para abordar você no portão? Empregará força física ou entrará tranquilamente, identificando-se, por exemplo, como agente da fiscalização sanitária? Irá arrombar a porta ou usará chaves copiadas? Isso você também não domina, mas mesmo juntando a vontade e a forma para praticar um delito, este ainda não acontece. Falta o terceiro ponto – aquele sobre o qual você pode interferir.
Concentre-se nele: a oportunidade. É aqui, que podemos fazer a diferença. Se não dominamos o desejo e a forma, podemos reduzir as oportunidades para a bandidagem ‘trabalhar’. A segurança aumenta e a ação dos bandidos fica mais difícil, quando adotamos atitudes preventivas. Vejam três situações recentes que vivenciei.
Numa manhã, parei o carro com o motor ligado perto da residência de um cliente, que me chamara para acompanhar sua saída, porque a empregada suspeitou que alguém a seguira até o trabalho. Notei que o motorista de um carro que passou pelo local desconfiou de minha atitude. Meu cliente saiu, acompanhei-o e fui-me embora. Logo notei uma viatura da polícia me seguindo. Minha atitude perto da residência do cliente de fato levantou suspeita daquele motorista atento, que acionou preventivamente a polícia. Parabéns a ele.
 Em outro episódio, vi em um semáforo duas moças conversando distraidamente no carro, com os vidros abertos. A motorista colocou a bolsa no colo, sacou seu celular e fez uma chamada. Vamos agir com segurança? Vidros fechados, celular no viva-voz, bolsa, pacotes –  tudo no assoalho do veículo e nada sobre bancos, porta-malas ou painel frontal. Dá para conversar normalmente sem tirar os olhos da frente do carro e dos retrovisores. Quem está distraído, se torna vítima mais fácil.
Por fim, em um edifício vi alguém perguntar ao porteiro se um dos moradores estava, ao que ele respondeu: “Não está, foi para a fazenda”. Para quem trabalha com segurança, essa frase é de arrepiar. Garanto a vocês que 100% das palavras que usamos podem ser trocadas, de forma simples, melhorando o nível de segurança sem prejudicar a comunicação. Porteiros precisam ser treinados, pois com prevenção nesse caso e nos outros que citei, reduzimos a oportunidade para um bandido colocar em prática sua forma e desejo de cometer um crime. Sem deixar de lado a cortesia, o porteiro deveria ter tomado atitudes seguras, como chamar o apartamento pelo interfone, mesmo sabendo não haver ninguém em casa. Depois diria ao visitante: “Não respondem. O senhor gostaria de deixar um recado?”.  Isso é muito mais seguro e para o visitante nada muda – o que importa é que não encontrou quem procurava e não obteve autorização para entrar.
Esses são exemplos simples, de ocorrência cotidiana. Ao examinar sua rotina, muita gente irá encontrar inúmeras situações que podem – e devem – ser mudadas, sem que isso dificulte a vida de ninguém. Pelo contrário! O Ano Novo vem aí – para maior segurança, coloque em prática a prevenção.

Erasmo Prioste é graduado em engenharia e delegado regional do Sesvesp e diretor comercial do Grupo Segurança/ Security Vigilância Patrimonial