Veículos de Comunicação

Opinião

De pé no estribo

Dizer-se de pé no estribo, popular expressão idiomática que vem dos pampas trazida pelos nossos irmãos gaúchos lá pelas bandas do final do século dezenove, significa estar pronto para uma decisão seja ela qual for. Com essa expressão desejo afirmar que nada obstante as eleições municipais estarem a léguas de distância a perder no horizonte político (outubro de 2012) já há candidatos a prefeito de cavalo arriado. Isto em todos os municípios do País.
Aqui em nosso Estado e no tocante à Capital, manifestações claríssimas espocaram por todos os meios de comunicações midiáticas. De forma eloqüente, ao sair da cabine de votação quando do segundo turno das eleições presidenciais (31 de outubro) a senadora Mariza Serrano, declarou-se candidata a prefeita de Campo Grande. No campo da mesma grei, o PSDB, está de pé no estribo o deputado Reinaldo Azambuja que embora tenha iniciado com sucesso a sua carreira em Maracaju, sempre teve votação expressiva em sua cidade natal, Campo Grande. Antes, logo após confirmada a sua derrota na postulação senatorial, o deputado federal Dagoberto Nogueira, disse ser também candidato, um acalentado sonho seu. Outros candidatos potenciais, mas não declarados isto porque não possuem autonomia ou vôo próprio em suas agremiações, presos estão nas malhas de lideranças poderosas por força de mando e voto, estão na moita e a espreita da almejada oportunidade. Seria a situação dos deputados eleitos Luiz Henrique Mandetta, Edson Girotto, Vander Loubet, o vereador e atual presidente da Câmara Paulo Siuffi e outros que, sabidamente, e estão debaixo do cobertor, numa timidez esperta, na espectativa de mostrar a cabeça no momento oportuno.
Para quem milita na política, no caso específico de nosso Estado têm a convicção que a chefia do mais importante município de Mato Grosso do Sul, por ser sua capital, portanto, centro irradiador de todas as mais importantes decisões políticas, a prefeitura é uma poderosíssima alavanca de propulsão para cargos mais elevados. Daí o reconhecido interesse em disputá-la.
Para respeitáveis setores da população a manifestação dos pré-postulantes, já pública, poderá parecer prematura quão despropositada. O momento atual seria de refluir as águas ao leito normal das atividades públicas para permitir, aos que estão no exercício do múnus político administrativo ou daqueles que irão assumi-lo a partir no início do próximo ano, possam fazê-lo em ambiente de calmaria. A política, porém, se move por um processo dinâmico como, aliás, já afirmou certa vez um dos mais proeminentes homens do cenário político nacional, o ex-governador, senador, deputado e ministro José Magalhães Pinto, com aquela sábia maneirice mineira: “política é como as nuvens, a cada instante tem um formato e como tal não se pode perder o momento de sua passagem”. A acreditar o conselho de Magalhães Pinto, os que já se apresentaram como candidatos agiram certo. Por outra face, como dita uma expressão idiomática toda nossa quem pula cedo bebe água limpa…
Ademais, não só o desejo de ser prefeito, com a representação política que o cargo empresta, a reciclagem eleitoral para o vencedor e para os vencidos na disputa está na mira dos pré-postulantes. Levantam também a oportunidade de estudar, debater as reivindicações (mesmo as despropositadas) de seus munícipes, as deficiências crônicas de diferentes setores da municipalidade, tal como, para mencionara apenas uma, a do sistema viário da Capital que está se aproximando de um colapso em razão do progressivo aumento automobilístico em sua área urbana.
A pretensão dos pré-postulantes é válida, sobretudo para o eleitor que a tudo apreciará, de agora até o início efetivo da campanha eleitoral, para decidir no momento azado a sua preferência. Penoso para os pretensos candidatos eis que não será fácil, mesmo tendo a sua disposição cavalo sadio, forte, e bem aperado, percorrer o caminho sinuoso, pedregoso e prenhe de ciladas traiçoeiras como soe ser uma campanha eleitoral.
Não deixa, porém, de ser uma valiosa pretensão.

Ruben Figueiró de Oliveira, senador suplente, foi deputado estadual e federal