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Opinião

Desequilíbrio

A eficiência dos países é medida pelo grau de satisfação de seus habitantes com os índices de segurança, de saúde, de educação, entre outros. Há países desenvolvidos, em desenvolvimento e esforçados. Há países com cara de desenvolvidos, mas que caminham, decididamente, para o atraso.

A última semana e seus terríveis acontecimentos recomendam a classificação do Brasil entre os que seguem celeremente rumo ao atraso.

Já cansou ficar repisando nossa televisão, com seus programas ridículos, suas novelas, seus BBB, sua falta de programas culturais, educativos e formadores de uma juventude preparada.

Está cansativo, também, ficar repisando as façanhas de Sarney, Temer e seu grupo de acólitos que trafegam, com desenvoltura, pelas páginas do Código Penal. Cada vez que a imprensa fala, a coisa desanda. Agora ficamos sabendo que empregados domésticos de parlamentares, espalhados pelo país, ganham seus salários do Congresso Nacional, leia-se, dos nossos recursos.

Uma desfaçatez sem tamanho, que o Corregedor do Senado afirmou ser apenas um a questão de foro íntimo de cada parlamentar!

Os países, então, são colocados em uma forma bem definida. Conforme se adaptem ou não a essa forma, os países são avaliados pela régua que mede a distância entre os mais ricos e os mais pobres.

Recapitulando: os países estão preocupados se há um distanciamento entre os que ganham mais e os que ganham menos.

Mas, por que fico repetindo e repetindo essa conclusão mais ou menos óbvia? Porque o Brasil, como todos sabem, é um país diferente. Não há forma definida que lhe resista.

Aqui não há os que ganham mais e os que ganham menos, uma dicotomia, uma espécie de disputa entre o bem e o mal. Aqui, pobres e ricos são explorados por uma terceira categoria, a dos políticos, a dos funcionários públicos.

Tudo é feito para garantir-lhes um cargo no governo, uma aposentadoria confortável, carros, passagens e avião e, agora, a viúva paga também os empregados domésticos de toda a patuléia política Brasil afora.

Esses políticos ganham o que poucos executivos chegarão a ganhar após muitos, muitos anos de trabalho. Se forem considerados os salários diretos e indiretos, o executivo mais bem pago do país nunca chegará lá.

Resumindo, se você chega à Índia e quer avaliar sua economia, olha a distância entre os mais ricos e os menos aquinhoados. Se vai a um país da América do Sul, vale o mesmo raciocínio. Desenha-se uma pirâmide e coloca-se no topo os que mais ganham e na base os menos favorecidos pela sorte. Essa distância define o grau de qualidade de vida.

No Brasil não. Você descarta os que ganham mais e os que ganham menos. Aqui a terceira categoria, os políticos, estão fora da pirâmide. Além de ganharem vencimentos astronômicos, fora de qualquer realidade, ainda têm todas as suas despesas básicas pagas pelo povo brasileiro. Seu nível de vida jamais será alcançado pelo resto dos brasileiros.

O Brasil é um país especial.

João Campos é advogado especialista em Direito do consumidor